Polícia de AL prende casal de influenciadores por suspeita de envolvimento com jogos de azar
Segundo as investigações, mandados foram cumpridos na residência da dupla, que exibia vida luxuosa nas redes
Cidades|Do R7, em Brasília
A Polícia Civil de Alagoas prendeu nesta terça-feira o casal de influenciadores Ana Paula Ferreira da Silva, mais conhecida como Paulinha Ferreira, e Ygor Yuri Ferreira de Oliveira por suposto envolvimento com um jogo de azar mais conhecidos como o “jogo do tigrinho”. A dupla já tinha sido alvo de buscas em uma operação deflagrada no dia 14 deste mês, quando foram apreendidos carros de luxo, joias, celulares e dinheiro. Ao todo, o valor dos bens retidos chega ao R$ 38 milhões. O R7 tenta contato com os citados na matéria.
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As investigações policiais indicaram que Ana Paula e Ygor seriam parte de uma suposta organização que incentivava os seguidores das redes sociais a participar dos jogos de azar, o que teria arruinado as finanças de muitas pessoas, de acordo com os policiais.
O casal desativou algumas redes sociais, mas em uma das plataformas ainda é possível ver um vídeo onde Paula afirma ter ido para Dubai no início do mês. “Num (sic) dia você tá (sic) desempregada e sem dinheiro para nada, e no outro você está em Dubai com a vista para a Burj Khalifa”, escreveu a influenciadora.
A dupla chegou a entrar com um habeas corpus preventivo alegando que a viagem ao exterior seria um compromisso de trabalho de Ygor Yuri, e que o casal tem um filho de dois anos que necessita de cuidados.
Na decisão que negou a solicitação, do dia 21 de junho, o desembargador João Luiz Azevedo Lessa ressaltou que as investigações mostraram que a dupla teria arrecadado altos valores com facilidade e devolviam boa parte desses ganhos às plataformas de jogos.
“Tal prática evidencia, para os demais apostadores, facilidade para ganhar nos jogos, já que eles mesmos, os influencers digitais, conseguem grande percentual de acerto. A prática seria ainda mais lesiva ao se levar em consideração o grande número de ‘seguidores’ dos acusados no Instagram”, disse o magistrado.
Investigações
A apuração da Polícia Civil de Alagoas mostrou que a publicidade dos jogos era realizada pela divulgação “de vídeos curtos nos quais supostamente realizam apostas ao longo do dia para concluir uma meta de ganhos”, além da divulgação de “estratégias” que iriam favorecer os apostadores.
Para os investigadores, a prática de estelionato seria configurada quando o jogador consegue um ganho elevado na plataforma, mas não consegue fazer a retirada do valor, sendo levado a acreditar que o ganho se deve a um erro do sistema.
Em outros casos observados pelos responsáveis pelo inquérito, os jogos atribuíam “tarefas” que, uma vez realizadas, gerariam lucros para os participantes “que só podem ser retirados após o cumprimento de requisitos que se tornam impossíveis.”
Além disso, um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostrou uma movimentação suspeita nas contas de Ana Paula.
“A investigada teria indicado uma renda mensal ao Banco no valor de R$ 1.301,27, o que corresponderia a uma renda total de R$ 6.506,35 em cinco meses. Porém, no mesmo período, a investigada teria recebido R$ 126.292,00 (apresentando 19 vezes mais que sua capacidade financeira aparente)”, confirma o órgão.
Malefícios
Detalhes da operação foram revelados em entrevista coletiva, que contou com a presença do secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Alagoas, delegado José Carlos André, realizada no dia 17 de junho. Ele destacou a nocividade do jogo para a sociedade, informando que algumas pessoas já chegaram a cometer suicídio em virtude das dívidas que contraíram após se viciarem no Tigrinho. Por outro lado, os influenciadores ficaram cada vez mais ricos e ostentando sua riqueza.