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Quatro em cada dez policiais veem pauta dos extremistas no DF como 'legítima'

Estudo mostra que 58,9% acreditam que a conduta dos policiais designados para linhas de proteção dos prédios foi inadequada 

Cidades|Do R7

Em ato extremista, manifestantes invadiram prédios dos três poderes em Brasília
Em ato extremista, manifestantes invadiram prédios dos três poderes em Brasília

Quatro em cada dez agentes de segurança pública concordam total ou parcialmente que a pauta defendida pelos invasores das sedes dos três Poderes é "legítima e não atenta contra a democracia". O dado é de uma pesquisa do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), que consultou servidores das polícias civil, militar, científica e federal, de guardas municipais e bombeiros de todo o País.

No enunciado feito aos policiais, a entidade perguntou se a depredação de prédios públicos promovida por extremistas é considerada condenável, mas com motivação legítima. A afirmação teve a adesão total de 19,4% dos entrevistados, e parcial de 20,5%. A tese se assemelha à de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que participaram dos atos de 8 de janeiro e condenaram o vandalismo, atribuindo os ataques a infiltrados.

Como mostrou o Estadão, policiais do Distrito Federal permitiram que manifestantes transitassem livremente pela Praça dos Três Poderes e chegaram a abandonar os postos para tomar água de coco. Vídeos captados pelas câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF) mostram ainda que a Tropa de Choque desfez barreira no Congresso e facilitou a invasão à Corte.

Segundo a pesquisa do FBSP, 62,1% dos agentes concordam total ou parcialmente que os policiais que facilitaram a ação dos extremistas devem ser punidos; 17,3% discordam totalmente. Ainda de acordo com o levantamento, 55,7% consideram ter havido omissão no policiamento, e mais de 70% veem falhas de planejamento e comando.


O estudo mostra também que 58,9% disseram acreditar que a conduta dos policiais designados para as linhas de proteção dos prédios foi inadequada e sem o devido rigor para conter distúrbios; 61,7% pensam que o comando do Exército demorou para colaborar com a dissolução do acampamento montando na frente do Quartel-General de Brasília.

Nesta terça-feira (31), o decreto de intervenção federal assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após os atos de vandalismo perde a validade. Ele foi adotado sob o argumento de se retomar o controle da segurança pública no Distrito Federal após a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal).


O emprego da Força Nacional de Segurança para auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado vai até o dia 4 de fevereiro. Após o fim da intervenção, a segurança do Distrito Federal deixa de estar sob o comando de Ricardo Cappelli, representante do governo federal escalado por Lula, e volta à alçada do governo distrital.

Politização

Segundo o presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima, a pesquisa indica que os policiais entendem que existe uma contaminação dos quartéis com questões políticas. Ele afirmou que essa influência é maléfica às corporações, e que a quantidade de agentes que acham a pauta golpista legítima é sintoma disso.


"Isso prova que eles entendem que atrapalha, que a questão é política, mas, quando 40% acham que o pleito é legítimo, mostra que é preciso lutar para separar a política dos quartéis", disse. A pesquisa do FBSP ouviu ao todo 624 policiais em todos os Estados do País. A maior parte dos entrevistados são homens (545) e da Polícia Militar (374).

Como mostrou o Estadão, pesquisa anterior da mesma entidade apontou aumento de 29% do apoio a teses extremistas entre policiais militares entre 2020 e 2021, com adesão maior entre oficiais do que entre os praças.

A perspectiva de que há uma "contaminação" das forças de segurança pelo discurso político e partidário é predominante no último levantamento: 62,9% disseram acreditar que a politização atrapalha as atividades das corporações.

Os atos de vandalismo de 8 de janeiro geraram um clima de desconfiança do presidente Lula em relação às forças de segurança. Em café da manhã com jornalistas no último dia 12, o petista afirmou estar "convencido" de que as portas do Planalto foram "abertas" e disse ter havido "muita gente da Polícia Militar e das Forças Armadas conivente".

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