Vazão das Cataratas do Iguaçu chega a 8,39 milhões de litros por segundo no fim de semana
Volume d’água foi registrado às 18h de sábado; medição de meio-dia desta segunda-feira registrou 4,76 milhões de litros por segundo
Cidades|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
As Cataratas do Iguaçu (PR) tiveram vazão de 8,39 milhões de litros por segundo no último sábado (4) devido às fortes chuvas na Região Sul. O índice foi quase seis vezes superior à vazão média das Cataratas, que é de 1,5 milhão de litros por segundo. De acordo com a última medição antes da publicação desta reportagem, o nível d’água era de 4,76 milhões de litros por segundo às 12h desta segunda-feira (6).
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A vazão foi subindo aos poucos ao longo do sábado. À 1h, o índice era de 2,01 milhões de litros por segundo. A partir das 3h, a vazão começou a aumentar, chegando a 2,38 milhões de litros por segundo às 4h, 2,93 milhões às 5h e 5,25 milhões às 8h. O ápice de 8,39 milhões ocorreu às 18h. Na hora seguinte, o volume d’água começou a baixar, indo para 8,29 milhões às 21h.
Autoridades e meteorologistas mapeiam o avanço das chuvas e das enchentes ao longo dos próximos dias no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul — a região mais crítica no estado é Porto Alegre e a região metropolitana, segundo avaliação da MetSul. As inundações atrapalham os resgates de moradores desalojados, e o governo prevê mais chuvas nesta segunda, principalmente no extremo sul gaúcho. De acordo com dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o volume total de chuva pode superar os 100 milímetros em 24 horas, com ventos acima de 100 km/h e queda de granizo.
A partir de quarta-feira (8), o estado volta a ficar em alerta com a previsão de mais temporais. Segundo o Inmet, o aumento da chuva está previsto para as regiões sul e metropolitana, a serra e o litoral norte de Porto Alegre.
Além das pancadas de chuva, uma nova onda de frio está prevista para quarta, o que também deve afetar o socorro às vítimas da maior tragédia climática da história gaúcha. A queda das temperaturas em até 10 °C pode agravar situações de hipotermia entre pessoas que necessitam de resgate.
O maior desastre ambiental do Rio Grande do Sul deixou pelo menos 83 mortes e 111 desaparecidos até o momento. O governo federal reconheceu calamidade pública para 336 municípios (2/3 do total) do Rio Grande do Sul no domingo (5). Várias regiões gaúchas ainda têm pontos ilhados, estradas e pontes destruídos e moradores à espera de resgate. Há centenas de milhares de moradores sem luz e água.
De acordo com dados da MetSul, a situação já não é mais tão crítica no Vale do Taquari, no centro do estado e na Serra, “onde os níveis dos rios estão baixando de forma continuada”: “O pior já passou”.
Onde a situação deve piorar mais?
“O vento norte sopra até quarta-feira, 8, dando vazão às águas para a Lagoa dos Patos. O ingresso de vento sul com ar mais frio deve ocorrer na quinta, 9, mas o vento sul não deve ser muito forte”, projeta a MetSul.
A Lagoa dos Patos é a maior laguna da América do Sul, com 265 quilômetros de comprimento e superfície de 10 144 km². Lagunas são corpos de água salgada ou salobra separados do mar por estreitas formações rochosas ou bancos de areia.
Entre as maiores cidades próximas, estão Pelotas e Rio Grande. A cheia do Rio Guaíba que inunda ruas de Porto Alegre ainda deverá levar dias para retornar a patamares seguros.
“Para onde vai a quantidade descomunal de água da Grande Porto Alegre? Cidades costeiras, como Pelotas e Rio Grande, terão inundações que devem ser severas”, alerta a Metsul.
Já no fim de semana, a Defesa Civil estadual e as autoridades locais têm alertado para a evacuação de áreas de risco. A prefeitura de Pelotas abriu mais dois novos abrigos para acolher moradores. Em Rio Grande, o poder municipal usou até ônibus escolar para tirar moradores de áreas com ameaça de alagamento.