Alta no aluguel: saiba estratégias para aliviar o bolso e fugir do aumento

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), conhecido como inflação do aluguel, fechou o ano com alta de 6,54% no acumulado dos últimos 12 meses. A informação foi divulgada nessa sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas). Isso significa que o valor do aluguel pode subir a partir de janeiro de 2025, o que acende um alerta para os inquilinos com contratos calculados a partir desse índice.

O Índice Geral de Preços - Mercado é usado como um indicador para definir o valor das parcelas em contratos de aluguel. Ele é calculado pela FGV a partir de outros três indicadores: o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) e o IPC (Índice de Preços ao Consumidor).

Entre eles, o IPA é o que tem maior peso no cálculo e influi em 60% dele. O economista-chefe da Ekonomy Consultoria Econômica, Werton Oliveira, explica que o índice sofre com a variação do dólar e outros aspectos externos. O Brasil lidou com a instabilidade da moeda americana durante o ano por fatores como as eleições dos EUA, discussões sobre a política fiscal brasileira e outros aspectos, o que explica o crescimento do índice.

Para contornar o aumento do aluguel, os especialistas consultados pelo R7 indicaram algumas estratégias que devem ajudar a aliviar o bolso.

Renegociar contrato é opção vantajosa

Como alternativa para não precisar mudar de casa, Noemi Melo, de 30 anos, optou pela renegociação. Ela explica que, caso o aluguel ultrapassasse seu orçamento, seria preciso encontrar outro local para morar. No caso dela, o proprietário aceitou um acordo para reduzir o valor do aluguel, o que impactou menos no planejamento financeiro, já que depende do salário que ganha como autônoma.

“Como trabalho como autônoma o meu salário não é fixo e depende da sazonalidade do comércio, com isso tenho que me reorganizar financeiramente para manter o aluguel. Em algumas situações tive que priorizar gastos mais necessários como alimentação, transporte, reduzi os gastos com lazer e adiar viagens”, explica.

O economista Werton Oliveira indica que renegociar o contrato por meio de um índice diferente do IGP-M é uma ferramenta que pode ser útil. Essa é uma estratégia aplicada em diversos contratos, que utilizam o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) como base de cálculo.

O especialista explica que o IPCA é mais vantajoso por oscilar menos que o IGP-M, já que é, de certa forma, mais controlado pelo governo para atingir as metas da inflação. Um contrato com base nesse cálculo é mais benéfico para o inquilino, pois poderá prever melhor a expectativa de valor para os próximos meses.

“Com o IPCA, ele vai ter menos flutuação na correção do aluguel e terá uma previsão de quanto esse índice vai subir no próximo ano, o que deixa ele mais tranquilo para renegociar os contratos ou uma alocação futura”, diz.

O economista também relembra que, antes do acordo, o inquilino deve observar se não existe nenhuma cláusula no contrato que impeça a renegociação. Caso tenha, ele indica meios jurídicos e administrativos, como o Procon, para auxiliar na resolução do caso.

Moradia próxima do trabalho

Procurar imóveis localizados próximos ao local de trabalho é uma alternativa para economizar. Para Oliveira, essa opção poupa tempo, além de dinheiro. Como o deslocamento ao emprego é diário, locais com rotas mais rápidas são a opção ideal.

Esse foi o esquema adotado por Clarisse Lopes, de 28 anos, que mudou de cidade para economizar. Ela e o marido moravam em Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF, e se deslocavam para Brasília todos os dias para trabalhar. Após avaliar os gastos mensais com combustível, ela percebeu que seria mais vantajoso mudar para o Distrito Federal.

“A gente percebeu que o orçamento valeria muito mais a pena se eu morasse de aluguel perto do trabalho, gastando menos com a gasolina. Esse valor da gasolina iria para o valor do aluguel”, conta.

Procurar imóveis funcionais

Para aqueles que desejam alugar um imóvel em 2025, Oliveira recomenda a escolha por opções com mais funcionalidade. Condomínios que oferecem serviços, como mercadinhos ou opções de lazer, são ideais para fazer o investimento valer a pena.

*Sob supervisão de Leonardo Meireles