Após subir juros, Banco Central prevê inflação de 5% em 2021
Ata do Copom destaca atenção ao nível de preços e sinaliza nova alta de 0,75 ponto percentual da Selic em maio
Economia|Do R7
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (23) as razões que motivaram a primeira alta da taxa básica de juros da economia em quase seis anos, para 2,75% ao ano. Entre os destaques, aparece a previsão de que a inflação fechará 2021 em 5%.
A percepção leva em conta as pesquisas realizadas semanalmente com economistas do mercado financeiro, que apostam no dólar em R$ 5,70 ao final do ano. Para os analistas, no entanto, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) deve fechar 2021 em 4,71%, mas a trajetória de alta das expectativas já persiste por 11 semanas.
Ambas as projeções superam a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional para o índice oficial de preços em 2021, com tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 2,25% e 5,35%.
"A continuidade da recente elevação no preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis", avalia a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (23).
Diante do cenário, o documento também já prevê uma nova alta de 0,75 ponto percentual dos juros na próxima reunião do grupo, marcada para acontecer no início de maio. Isso acontece porque o aumento da taxa de juros funciona como um instrumento de política monetária para reduzir a inflação ao reduzir a disposição para consumir e estimular novas alternativas de investimento.
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"Esse ajuste mais célere do grau de estímulo é compatível com o cumprimento da meta no horizonte relevante mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social", avalia o Copom ao defender a necessidade de nova alta da taxa básica de juros.
"Apesar da pressão inflacionária de curto prazo se revelar mais forte e persistente que o esperado, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue atento à sua evolução", completa.
Riscos
O documento cita ainda que agravamento da pandemia pode atrasar o processo de recuperação econômica, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado, e avalia que o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piore a trajetória fiscal ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os riscos da economia.
'O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária", analisa o Banco Central.