Associação Comercial de SP adere à campanha contra fim do parcelamento sem juros
A alteração do parcelamento de compras tem sido debatida nas negociações do setor para reduzir as altas taxas do rotativo
Economia|Do R7
A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) aderiu nesta quarta-feira (29) ao "Parcelo Sim!". Trata-se da campanha apartidária em defesa do parcelamento sem juros nas compras com cartão de crédito.
Com a entrada da associação, o movimento chega a 20 integrantes — eram 11 há uma semana, quando ele foi criado.
A ACSP passa a fazer parte da petição online que está no site do movimento (parcelosim.com.br) e se junta a milhares de consumidores que, em uma semana, já registraram apoio à campanha e sua contrariedade a quaisquer mudanças nessa modalidade de pagamento.
"As compras com cartão de crédito representam 60% das transações do comércio. Um levantamento do Datafolha mostrou que 80% dos consumidores baseiam sua decisão de compra por estabelecimentos que possibilitem parcelar sem juros. Ou seja, o parcelamento sem juros é vital para o comércio, especialmente aos pequenos e médios estabelecimentos", diz o presidente da entidade, Roberto Ordine.
Para Ordine, uma mudança na modalidade sem juros impactará a economia, ao aumentar o custo do crédito em até 35%.
Para entender o caso
A lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas, também prevê medida para baixar os juros do cartão de crédito, o chamado rotativo. Para isso, o Congresso estipulou um prazo de 90 dias para que bancos elaborassem uma autorregulamentação para tanto.
Após o prazo, caso não haja uma proposta viável, a dívida no cartão não pode ser maior que 100% do bem. Para baixar os juros do rotativo, bancos defendem um limite no parcelamento sem juros. Mas não há estudos que comprovem qualquer correlação, segundo economistas.
A alteração do parcelamento de compras sem juros tem sido debatida nas negociações do setor para reduzir as altas taxas cobradas no rotativo do cartão de crédito. Mas existe um impasse entre as propostas.
Leia também
Os bancos defendem a limitação do número de parcelas sem juros, com um escalonamento até chegar a três parcelas. Já as empresas independentes de maquininhas são contra a mudança da modalidade e afirmam que o parcelamento não é a causa dos altos juros.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a afirmar que a discussão sobre os juros do rotativo do cartão de crédito é o mais complexo dos problemas que já enfrentou no comando da instituição.
O setor tem até o fim de dezembro para resolver essa questão e estabelecer uma autorregulação em relação ao juro do rotativo.
Se as entidades não chegarem a um acordo com aval do CMN (Conselho Monetário Nacional) até o fim do ano, será aplicável o teto que limita a dívida ao dobro do montante original, como prevê a lei do Desenrola.
A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito atingiu 441,1% ao ano em setembro, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central.
Entidades que aderiram ao movimento
O "Parcelo Sim!" foi lançado no dia 21 de novembro, para defender a manutenção da modalidade, que é uma das principais de concessão de crédito no Brasil e beneficia diariamente 200 milhões de brasileiros. Já são 20 entidades que fazem parte do movimento:
• Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad);
• Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel);
• Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shoppings (Ablos);
• Associação Brasileira de Academias (Acad);
• Associação Comercial de São Paulo (ACSP);
• Associação de Lojistas do Brás (Alobras);
• Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL);
• Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP);
• Parcele na Hora;
• Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor);
• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae);
• União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco);
• Acelera Varejo;
• Afrac – Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços;
• Anamaco – Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção;
• ABVS – Associação Brasileira de Varejo em Shopping;
• Asbraf – Associação Brasileira de Franqueados
• Aloshop Pernambuco – Associação de Lojistas de Shopping de Pernambuco;
• CDL Recife – Câmara de Dirigentes Lojistas;
• Sindilojas Recife – Sindicato dos Lojistas do Comércio de Bens e Serviços do Recife.
Nova adesão
A adesão da associação comercial é considerada muito importante pelo movimento, por sua história. A entidade é a mais antiga da cidade de São Paulo, com 128 anos de atividade. Além disso, a ACSP faz parte da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), que reúne 420 associações espalhadas por todo o estado e, por meio dela, integra a Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), que congrega 27 federações estaduais e reúne 2.200 entidades.