BC prevê novos cortes de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros nos próximos meses
Ata do Copom destaca ritmo das reduções como o mais apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário
Economia|Do R7
O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (8) o documento com as razões que motivaram o corte de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros da economia brasileira, de 13,75% para 13,25% ao ano. A decisão representa a primeira baixa da taxa Selic desde agosto de 2020.
De acordo com o Copom (Comitê de Política Monetária), a queda mais forte do que a esperada pela maior parte dos agentes do mercado financeiro deve ser seguida de novos cortes semelhantes nas próximas reuniões.
"Os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", destaca a ata. Segundo as projeções do mercado financeiro, os novos recuos de 0,5 ponto percentual nos meses de setembro, novembro e dezembro levarão a taxa Selic a 11,75% ao ano na entrada de 2024.
Também fica quase descartada a possibilidade de reduções maiores dos juros básicos nos próximos encontros do colegiado. "O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva", ressalta.
"Tal confiança [para um corte mais intenso] viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços."
Os diretores também mencionam os cenários que resultaram na decisão dividida, definida apenas pelo voto do presidente do BC, Roberto Campos Neto. No entanto, houve consenso na necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta.
A melhora do quadro inflacionário foi determinante para a consolidação de um corte de maior magnitude. "A magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", prevê a ata.