Banco Central corta taxa de juros a 5,5% ao ano, menor valor da história
Decisão de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual pela segunda vez consecutiva atende às expectativas do mercado financeiro
Economia|Alexandre Garcia, do R7
O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), optou nesta quarta-feira (18) pela segunda redução consecutiva da taxa básica de juros da economia brasileira em 0,5 ponto percentual, para 5,5% ao ano. Com o novo corte, a Selic renova o menor patamar da história.
As últimas duas reuniões do Copom reduziram a taxa de juros em um ponto percentual após a Selic permanecer por um ano e quatro meses sem alteração, em 6,5% ao ano.
O veredito responsável pelo novo corte foi aprovado pelo presidente do BC, Roberto Oliveira Campos Neto, e os diretores Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, Fernanda Feitosa Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.
Para justificar a decisão, o comitê afirma que os indicadores de atividade econômica "sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira".
Com queda de juros, poupança rende 3,85% ao ano e fundos sofrem
"O Copom avalia que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatiza que perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia", destaca o BC.
O órgão também cita a as expectativas de inflação abaixo dos 4% para os próximos quatro anos como outro fator decisivo pelo corte dos juros. "O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020", avaliam os diretores.
O corte de 0,5 ponto percentual da Selic atende às expectativas do mercado financeiro, que agora projeta a taxa básica de juros no patamar de 5% ao ano ao final de 2019. Para o Copom, no entanto, "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação"
Juros básicos
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.