BC diz que descumprimento da meta da inflação foi causado por câmbio e economia aquecida
Inflação oficial do país registrou alta de 5,35% no acumulado em 12 meses até junho, descumprindo pela primeira vez a meta contínua
Economia|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

Com o descumprimento da meta da inflação, o Banco Central divulgou nesta quinta-feira (10) uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citando fatores que contribuíram para o índice ultrapassar o limite superior pelo sexto mês consecutivo desde o início do regime de meta contínua. Entre as causas está a depreciação cambial, atividade econômica aquecida e “expectativas de inflação desancoradas“.
“A atividade econômica surpreendeu positivamente, com crescimento do PIB acima do esperado e mercado de trabalho bastante aquecido, refletindo aumento do consumo das famílias e do investimento. As expectativas de inflação se desancoraram, especialmente, ao longo do segundo semestre de 2024. A taxa de câmbio apresentou valorização do dólar frente ao real, com impacto direto nos preços de bens importados e nas expectativas de inflação”, diz o documento escrito pelo presidente do banco, Gabriel Galípolo.
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A inflação oficial do país registrou alta de 5,35% no acumulado em 12 meses até junho, descumprindo pela primeira vez a meta contínua. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu 0,24% em junho, após alta de 0,26% em maio, segundo divulgado nesta quinta pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No modelo de meta contínua, considera-se que a meta foi descumprida quando a inflação acumulada em 12 meses permanece fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.
No texto, Galípolo afirma que a alta do câmbio ao longo do ano passado teve “forte impacto” na inflação medida no segundo trimestre de 2025. O aumento foi observado com a inflação de bens industriais e alimentos industrializados. Na contramão, os preços de petróleo recuaram, amenizando a pressão sobre os preços de combustíveis.
Para conter a inflação, o presidente da autoridade monetária reforçou que o Copom (Comitê de Política Monetária) “não hesitará” em seguir com o ciclo de altas da taxa básica de juros.
Apesar da alta registrada, Galípolo estima que o índice vai se manter dentro do intervalo de tolerância a partir do primeiro trimestre de 2026. “Projeta-se que a inflação acumulada em quatro trimestres ficará na faixa de 5,4% a 5,5% nos três primeiros trimestres de 2025, cairá para 4,9% no final do ano e atingirá 4,2% no final do primeiro trimestre de 2026″, pontua.
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