Black Friday: consumidor pesquisa, e comércio vê movimento 'bem melhor' neste ano
Estimativa é de aumento de 10% nas vendas, segundo ABComm; lojistas e consumidores confirmaram expectativa
Economia|Johnny Negreiros, do R7*
A Black Friday de 2023, marcada para esta sexta-feira (24),terá movimento maior que a do ano passado. É o que dizem lojistas, consumidores e estimativas feitas pelo varejo.
O R7 conversou com responsáveis por estabelecimentos na Lapa, bairro paulistano conhecido por ser uma região de comércio popular.
Uma atendente revelou que o movimento na loja em que trabalha está "bem melhor" no mês de novembro, marcado pela data comemorativa, na comparação com o mesmo período em 2022.
"A expectativa está bastante grande. As lojas estão abastecidas, o estoque está abastecido. Esperamos fazer uma Black bem melhor do que a do ano passado", declarou Diogo Soares, de 38 anos, gerente de unidade das Casas Bahia.
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Leandro Aguiar, gerente de uma grande varejista, também está otimista:
"Este ano, aqui a expectativa está maior. O cliente está vindo até a loja. Essa onda de calor provocou uma procura altíssima por ventilador, ar-condicionado; aí o consumidor aproveita e leva uma televisão que está num preço bom, leva um refrigerador, um telefone celular..."
Segundo estimativa da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), as vendas terão aumento de 10% em relação à Black Friday do ano passado, o que deve representar movimento de R$ 12 bilhões.
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Os clientes consultados estão em linha com a projeção. Das 13 pessoas entrevistadas, todas disseram que pesquisaram preços e efetuaram as compras aproveitando as promoções da Black Friday e de datas próximas neste ano, o que não fizeram em 2022.
Muitos deles afirmaram que os preços estão "ótimos". Porém, outros disseram que os valores "não mudaram nada". "Comprei porque meu celular já não estava funcionando", revelou uma idosa, que preferiu não se identificar.
Mas em 2023 os preços não tiveram forte alta nas semanas anteriores à data. É o que mostra levantamento da plataforma Buscapé.
Das sete categorias de produtos pesquisados, três apresentaram quedas na variação semanal de mediana dos preços. E, nas que apresentaram expansão, as promoções ofertadas na Black Friday podem ainda assim ter descontos reais.
Por outro lado, os lojistas reconhecem que a alta procura por ares-condicionados e ventiladores, em meio ao calorão, dificulta que eles tenham promoções.
Produtos mais buscados
De acordo com pesquisa da plataforma, os cinco produtos cujos preços os consumidores mais estão monitorando são:
1. celular;
2. televisão;
3. ar-condicionado;
4. refrigerador; e
5. lavadora de roupa.
Nesse sentido, os clientes consultados pela reportagem compraram celular, televisão e ar-condicionado. Exatamente os três itens mais bem colocados no levantamento. Entre as pessoas que procuravam descontos, elas também tinham interesse em eletrodomésticos e ventiladores.
Luz no fim do túnel
A Black Friday deste ano surge como uma fonte de esperança para as grandes varejistas em meio a uma crise que assola o setor.
A trégua é aguardada devido ao interesse dos consumidores em aproveitar a data para conquistar descontos e até antecipar a compra de presentes para o fim de ano.
Dados da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), revelados mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que o setor, após disparar quase 4% em janeiro, passou a “andar de lado” e apresenta alta de 1,8% no acumulado do ano até setembro.
A situação crítica enfrentada pelo setor resultou na recuperação judicial das Lojas Americanas e no decreto de falência da Livraria Cultura. Também afetadas, as lojas Marisa e a rede de departamentos Tok&Stok tiveram pedidos de falência solicitados por credores. Para outros gigantes, a alternativa foi o fechamento de lojas, na tentativa de driblar a crise.
"Para as empresas com problemas, a Black Friday é uma oportunidade maravilhosa para vender os produtos, limpar os estoques e colocar dinheiro no caixa para comprar itens melhores e mais atuais, que vão oferecer maior rentabilidade", afirma Roberto Kanter, professor do MBA de gestão comercial da FGV (Faculdade Getulio Vargas).
* Sob a supervisão de Ana Vinhas