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BNDES reinstala o comitê do Fundo Amazônia, que foi extinto em 2019

Formado por representantes de governos e de instituições da sociedade civil, grupo promove o combate ao desmatamento

Economia|Do R7, com Agência Estado

Lula restabeleceu o comitê do Fundo Amazônia no primeiro dia útil do novo mandato
Lula restabeleceu o comitê do Fundo Amazônia no primeiro dia útil do novo mandato

O Cofa (Comitê Orientador do Fundo Amazônia) será reinstalado em uma reunião nesta quarta-feira (15), informou, em nota, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O grupo, que não se encontra desde 2018, e outras instâncias de controle do fundo tinham sido extintos pelo governo anterior e foram restabelecidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio do Decreto nº 11.368/2023.

A reunião será o primeiro passo para o Fundo Amazônia voltar a funcionar. Ele tem a finalidade de captar doações para investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal, uma área que corresponde a 59% do território brasileiro. Ela engloba oito estados em sua totalidade (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), e parte do Maranhão, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O fundo também apoia o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento no restante do território nacional e em outros países tropicais.

O Cofa é composto por representantes de governos e de instituições da sociedade civil. Tem a atribuição de determinar as diretrizes e acompanhar os resultados obtidos com o emprego de recursos provenientes de doações. Além dele, também integra o Fundo Amazônia o CTFA, um comitê técnico que atesta as emissões de gases oriundas de desmatamentos na floresta. 


Em 2019, um decreto extinguiu diversos colegiados da administração pública federal, incluindo essas duas comissões. Desde o início daquele ano, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, levantava suspeitas, não confirmadas, sobre a aplicação irregular de recursos do fundo.

Retomada das atividades

Gestor do Fundo Amazônia, o BNDES informou que, entre os assuntos a serem discutidos na reunião de reinstalação do Cofa, "estão as ações para a retomada das atividades do fundo e as prioridades para sua atuação". A reunião será na sede do banco de fomento, no Rio de Janeiro.


Estarão presentes a ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, Marina Silva, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Após o encontro, está prevista a realização de uma entrevista coletiva, com a participação de ambos.

O Fundo Amazônia foi criado em 2008, com doações de R$ 3,2 bilhões da Noruega, e de R$ 200 milhões da Alemanha. É uma iniciativa pioneira das Nações Unidas, que busca recompensar financeiramente países em desenvolvimento pela redução de emissões de gases do efeito estufa associadas ao desflorestamento.


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Além de administrar os recursos doados, o BNDES seleciona os projetos que vão receber investimentos e faz as liberações, seguindo as diretrizes definidas pelas instâncias de governança (os comitês) e os critérios acordados quando da criação do fundo. O banco também cuida da prestação de contas de cada projeto.

Até 2018, 103 projetos, com valor total de R$ 1,860 bilhão, foram aprovados pelo BNDES, dos quais R$ 1,512 bilhão foram liberados. Com a análise de novos pedidos paralisada, os desembolsos para os projetos aprovados ficaram em R$ 117 milhões em 2021, ante R$ 131 milhões, em 2020. Em 2022, foram liberados R$ 54,7 milhões até agosto, conforme dados da carteira do Fundo Amazônia, publicados na internet.

Com a retomada, o banco de fomento poderá se debruçar sobre os 56 projetos que estão na fila de análise para receber apoio financeiro. Esses pedidos pleiteiam um total de R$ 2,203 bilhões, mas se referem a projetos que foram apresentados até o fim de 2018. Portanto, é possível que haja necessidade de atualizar as demandas.

No ano passado, com a eleição de Lula, o governo da Noruega anunciou que voltaria a enviar recursos para a retomada do Fundo Amazônia. Na sequência, a Alemanha formalizou mais uma doação, de 35 milhões de euros, feita pelo KfW, o banco de desenvolvimento daquele país.

Na sexta-feira (10), após a reunião entre Lula e o presidente americano, Joe Biden, o governo dos Estados Unidos anunciou, sem mencionar valores, que também fará uma doação para o fundo.

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