Chance de inflação estourar a meta pelo 3º ano seguido sobe para 83%, afirma BC
Relatório Trimestral de Inflação prevê alta de 5,8% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) nos 12 meses encerrados em dezembro
Economia|Do R7
O BC (Banco Central) apresentou nesta quinta-feira (30) uma nova edição do RTI (Relatório Trimestral de Inflação). As projeções apresentadas elevam a expectativa de avanço dos preços neste ano para 5,8% e aumentam a probabilidade de a alta furar o teto da meta do governo de 57% para 83%.
Caso a expectativa não seja revertida, será o terceiro ano consecutivo em que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) vai estourar a meta pré-estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), fixada em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).
"As projeções de inflação aumentaram para todo o horizonte considerado a partir do terceiro trimestre de 2023", relata o BC no relatório ao citar a possibilidade de mudança das bandeiras tarifárias de energia elétrica.
"A inflação acumulada em quatro trimestres apresenta oscilação ao longo de 2023 em função da presença ou não, no período considerado, dos efeitos da desoneração de combustíveis, concentrados no terceiro trimestre de 2022, e da reoneração de gasolina e etanol, parcela ocorrida no primeiro trimestre de 2023 e parcela a ser efetivada no terceiro trimestre de 2023", destaca o RTI.
A tentativa de segurar a inflação tem motivado a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no maior patamar dos últimos seis anos (13,75%). Na ata da última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) não descarta novas altas da taxa para conter a inflação.
"O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", destaca o documento publicado na última terça-feira (28).
Com a alta dos juros, o BC virou alvo da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O embate considera a taxa Selic é o principal instrumento para conter a inflação. Como consequência, os juros mais altos inibem o crescimento da economia.