Alvo de críticas, Banco Central não descarta nova alta da taxa de juros
Decisão pela manutenção da Selic no maior patamar desde 2017 causa insatisfação do governo e do setor produtivo, mas Copom garante que "não hesitará" na tentativa de conter a inflação
Economia|Do R7
O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (28) a ata com as motivações que resultaram na quinta manutenção seguida da taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75% ao ano, o maior patamar desde 2017.
Mesmo diante das críticas do governo e do setor produtivo contra o atual nível da taxa Selic, a autoridade monetária afirma que "não hesitará" na tentativa de conter a inflação. No documento, o Copom (Comitê de Política Monetária) não descarta a possibilidade de elevar ainda mais os juros para atingir o objetivo.
"O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", destaca a ata publicada nesta terça-feira (28).
O embate considera que a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.
Como consequência, os juros mais altos inibem o crescimento da economia. O efeito é a justificativa do governo contra a manutenção da taxa básica no patamar atual. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a decisão como "preocupante".
O patamar elevado da Selic também preocupa o setor produtivo. Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o veredito é “equivocado” e “apenas traz custos adicionais para a atividade econômica”.
Em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros já afeta a atividade econômica do Brasil. No último trimestre de 2022, a economia nacional encolheu 0,2%. Entre as montadoras, a queda no volume de vendas resultou na concessão de férias para milhares de trabalhadores.