Com 2 milhões de trabalhadores, setor de alimentos lidera geração de empregos na indústria
Entre 2019 e 2023, foram criadas 373,8 mil novas vagas nessa atividade, segundo Pesquisa Industrial Anual do IBGE
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

Em 2023, o setor com o maior número de pessoas ocupadas na indústria brasileira foi o de fabricação de alimentos, responsável por 2 milhões de trabalhadores industriais. Os dados são da PIA (Pesquisa Industrial Anual) – Empresa e Produto de 2023, divulgada nesta quarta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em seguida, aparecem atividades como manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (322,9 mil pessoas) e fabricação de vestuário (288,6 mil).
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Entre 2019 e 2023, foram criadas 373,8 mil novas vagas nessa atividade, o que representa mais de 40% do total de postos de trabalho industriais abertos no período.
O setor de alimentos também foi o principal responsável pela receita líquida de vendas da indústria no ano passado, com participação de 23,6% — um crescimento de quatro pontos percentuais em relação a 2014.
A pesquisa também mostra que, embora o setor alimentício lidere em volume de empregos, a remuneração média nele é inferior à registrada em outros segmentos industriais.
Em 2023, o salário médio no setor foi de 2,5 salários mínimos, abaixo da média geral da indústria, de 3,1 salários mínimos, e distante da remuneração em atividades como extração de petróleo e gás, que pagaram, em média, 17,9 salários mínimos.

Regionalmente, Sudeste e Sul concentram a maior parte dos empregos no setor de alimentos, puxados por estados como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Ainda assim, o crescimento da ocupação também foi observado em regiões como o Centro-Oeste, com expansão da indústria de processamento de carnes, grãos e derivados.
Salários estagnados
Apesar da recuperação no volume de empregos nos últimos anos, os salários pagos na indústria mostram pouca evolução. Em 2023, a remuneração média mensal foi de 3,1 salários mínimos — o mesmo patamar registrado nos dois anos anteriores e abaixo do valor de 2013, que era de 3,4 salários mínimos.
O salário médio nas indústrias extrativas aumentou de 5,2 salários mínimos em 2022 para 5,3 salários mínimos em 2023, enquanto o das indústrias de transformação se manteve estável em 3,0 salários mínimos pelo terceiro ano consecutivo.
A maior remuneração média, de 17,9 salários mínimos (o equivalente à cerca de R$ 27,1 mil) foi registrada no setor de extração de petróleo e gás natural.
Além da estagnação salarial, a pesquisa revela uma redução no porte médio das empresas industriais. O número médio de pessoas ocupadas por empresa caiu de 26, em 2014, para 23, em 2023.
Essa mudança foi mais sentida nas indústrias de transformação, que passaram de 26 para 22 empregados por empresa, enquanto nas indústrias extrativas houve leve alta, de 33 para 35.
Outro destaque do levantamento foi a redução na concentração da receita nas grandes empresas. As companhias com 500 ou mais trabalhadores ainda respondem por 67,9% da receita líquida de vendas da indústria, mas esse percentual caiu 0,1 ponto percentual em dez anos.
Já as oito maiores empresas do setor concentraram 22% do valor de transformação industrial em 2023.
Recorde de empresas
Em 2023, o país bateu recorde e registrou o maior volume de empresas da série histórica, iniciada em 2007. Ao todo, são 376,7 mil empresas com uma ou mais pessoas ocupadas.
Essas empresas geraram uma receita líquida de vendas de R$ 6,5 trilhões e um valor de transformação industrial de R$ 2,4 trilhões, dos quais 88,6% foram provenientes das Indústrias de transformação.
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