Com desocupação em queda, cinco estados se aproximam do pleno emprego
Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Cantarina e Rondônia fecham o primeiro semestre com taxas de desemprego abaixo de 5%
Economia|Alexandre Garcia, do R7
A queda da taxa de desemprego no Brasil para 8%, o menor patamar dos últimos nove anos, evidencia também a aproximação dos estados do Paraná (4,9%), Mato Grosso do Sul (4,1%), Santa Cantarina (3,5%), Mato Grosso (3%) e Rondônia (2,4%) de um ambiente de "pleno emprego".
Dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), colocam os estados na lista de oito unidades da Federação que fecharam o segundo trimestre com redução da taxa de desocupação.
A definição teórica de "pleno emprego" representa o uso máximo da força de trabalho, com um equilíbrio entre a procura e a disponibilidade de vagas. Na situação, a busca por uma nova colocação profissional tende a ser pequena.
Pedro Afonso Gomes, economista e presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), afirma que o conceito varia de acordo com a situação de cada sociedade. No Brasil, segundo ele, a permanência da taxa abaixo dos 7% por um ano representa uma situação de "pleno emprego".
"Alguns economistas colocam 3,5% como o percentual ideal de desempregados para que a economia funcione normalmente. Outros dizem 5,5%. [...] Se a economia funciona de maneira mais dinâmica, admite-se um desemprego maior, de até 7%, como no caso brasileiro. Caso seja uma economia estagnada, o desemprego acaba permanente para alguns trabalhadores", explica.
Adriana Beringuy, coordenadora de trabalho e rendimento da Pnad, afirma que o IBGE não trabalha com o termo “pleno emprego” em seus estudos. “Esse é um conceito acadêmico que não é incorporado na construção dos nossos indicadores. Temos as taxas, que são analisadas dentro das características de cada unidade da Federação e de seus mercados de trabalho.”
A pesquisadora, no entanto, cita o crescimento da agropecuária como determinante para o baixo nível de desocupação em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já em Santa Catarina e no Paraná, Adriana observa o avanço da atividade industrial e de serviços.
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No caso específico de Rondônia, o estado com a menor taxa de desemprego do Brasil, Gomes atenta para o elevado número de profissionais na informalidade. "O estado tem quase 50% dos seus trabalhadores sem carteira assinada e sem registro", observa ele.
"É preciso entender que, mesmo havendo um desemprego menor, o nível dos empregos também é de menor qualidade sob o ponto de vista de segurança para o trabalhador, o que também precisa melhorar", reforça o presidente do Corecon-SP.
Para o economista membro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) Carlos Caixeta, a redução de 1,5 milhão de pessoas fora da força de trabalho em um ano confirma a retomada da economia brasileira. Para os próximos meses, Caixeta cita a redução das taxas de juros e a aprovação da reforma tributária como determinantes para trazer mais "credibilidade" para o Brasil no cenário internacional.
"Esse pacote vai trazer mais investimentos, algo determinante para aumentar as contratações e reduzir o desemprego, o que tem um efeito positivo. [...] Essa retomada do crescimento dinamiza a economia e, com mais pessoas pagando impostos, contribui para elevar a arrecadação", diz Caixeta.