Dólar começa a terça-feira (25) instável, com melhora dos mercados internacionais
Reuters/Dado Ruvic/Ilustração - 17/07/2022O dólar mostrava instabilidade na manhã desta terça-feira (25), perdendo fôlego depois de ter flertado com os R$ 5,36 um pouco mais cedo, à medida que o humor dos mercados internacionais melhorava. Isso compensou, possivelmente de forma temporária, o noticiário eleitoral doméstico tenso.
Às 11h18 no horário de Brasília, o dólar à vista avançava 0,06%, a R$ 5,3045 na venda, em sessão marcada por volatilidade.
Mais cedo, a moeda americana chegou a saltar 1,08%, a R$ 5,3587, mas perdeu fôlego na esteira de enfraquecimento de um índice que compara o dólar a uma cesta de seis rivais fortes. Por volta das 11h10, esse indicador caía 0,80%, abrindo espaço para a recuperação de várias divisas emergentes ou sensíveis às commodities, enquanto os principais índices acionários de Wall Street e da Europa aceleravam seus ganhos para até mais de 1%.
O humor externo era amparado por esperanças de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, possa ter sucesso em sua tentativa de esfriar a economia e conter a inflação, o que justificaria eventual desaceleração de seu ritmo de aperto monetário. Quanto mais agressiva é a instituição americana na alta dos juros, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, e vice-versa.
Na B3, às 11h18 (hora de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,05%, a R$ 5,3095. Apesar do arrefecimento em relação aos maiores patamares do dia, investidores alertavam para possibilidade de instabilidade e reviravoltas no mercado de câmbio.
A prisão turbulenta de Roberto Jefferson, ex-deputado federal pelo PTB e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), desencadeou forte onda de aversão a risco nos mercados brasileiros na segunda-feira (24). A moeda americana à vista fechou a última sessão em alta de 2,94%, a R$ 5,3012, a maior valorização diária desde 22 de abril (+4,07%) e patamar de encerramento mais alto desde a segunda-feira da semana anterior (R$ 5,3014).
Agravando um cenário eleitoral já tenso, a campanha à reeleição de Bolsonaro afirmou, também na segunda (24), que rádios do país, principalmente da região Nordeste, não têm veiculado adequadamente as inserções eleitorais do atual presidente, supostamente favorecendo o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto.
Em resposta à denúncia, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, cobrou a apresentação de provas, advertindo que uma falsa acusação poderá ser encarada como crime eleitoral.
"A situação me parece grave e uma escalada razoável na situação eleitoral", avaliou, em nota, Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. "Caso a campanha de Bolsonaro não apresente provas, a medida será vista como tentativa de fraude eleitoral e de 'bagunçar' e criar ruídos às vésperas da eleição."
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, também citou incômodo dos mercados com novas críticas de Lula às atuais regras fiscais do país. O petista voltou a se manifestar contra o teto de gastos, e também disse que não anunciará sua equipe econômica antes de ganhar o segundo turno da eleição presidencial.
"Cenário eleitoral está pesando aqui hoje", disse. "Acredito que o mercado deve operar sem direção única até o final da semana. Principalmente pela agenda, e por conta do cenário externo, mas com a volatilidade acentuada em alguma medida, por conta desta derradeira semana antes das eleições", avalia Bergallo.
Além disso, no Brasil, investidores aguardam a conclusão da reunião de política monetária do Banco Central, com a expectativa de que a autarquia mantenha a taxa Selic em 13,75% ao ano, na decisão a ser comunicada nesta quarta-feira (26). Dados do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), a prévia da inflação oficial, divulgados nesta terça (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontaram leve alta em outubro, de 0,16%. Mesmo assim, o resultado ficou acima do esperado, depois de o índice apresentar deflação por dois meses seguidos.
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