Dólar cai 0,55% e fecha abaixo dos R$ 5; Ibovespa tem 4ª alta seguida
Avanço da moeda dos EUA na véspera incentiva exportadores a trazerem dinheiro para o Brasil; ações da Natura&Co saltam 15%
Economia|Do R7
Depois de fechar a segunda-feira (8) em forte alta, de 1,44%, o dólar à vista encerrou a terça (9) em baixa ante o real, cotado a R$ 4,9875 na venda, uma queda de 0,55%, na contramão do exterior. Com a valorização da véspera, exportadores aproveitaram para internalizar recursos no país, enquanto investidores ajustaram posições no mercado futuro da moeda norte-americana.
Mesmo tendo voltado a ficar abaixo dos R$ 5, o dólar, com toda a movimentação desta terça, ficou longe de compensar a elevação do dia anterior. Ela foi motivada pela reação negativa dos investidores ao anúncio de que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, será indicado para a diretoria de Política Monetária do BC (Banco Central).
O entendimento era de que Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elevaria a pressão para que o BC reduza a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano.
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Na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), a bolsa de valores do Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão em alta pelo quarto dia seguido. O índice subiu 1,01%, a 107.113,66 pontos, com volume financeiro total de R$ 22 bilhões.
Para Leandro De Checchi, analista de investimentos da XP, o tom mais positivo na bolsa pode estar relacionado com as expectativas relacionadas ao novo arcabouço fiscal. A alta no pregão local se manteve mesmo após a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC reiterar a preocupação com a inflação e não trazer sinalização sobre corte na Selic.
O destaque do dia foi a Natura&Co, que disparou 15%, capitaneando os ganhos após divulgar o resultado operacional do primeiro trimestre.
Mudança de rumo
Nesta terça, Galípolo defendeu o corte de juros, mas afirmou que se trata de uma vontade de todos. "Acho que todo mundo quer baixar os juros. Tenho convicção que toda a diretoria do Banco Central não tem nenhum tipo de satisfação, nem profissional nem pessoal, de ter um juro mais alto", disse a jornalistas. As declarações, no entanto, não afetaram o mercado de câmbio.
Pela manhã, o dólar dava continuidade ao movimento de alta e atingiu a cotação máxima da sessão, de R$ 5,0379, elevação de 0,46%, às 9h55. A moeda norte-americana foi perdendo força gradativamente, e se firmou no patamar negativo no início da tarde.
Na B3, às 17h25 no horário de Brasília, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,52%, a R$ 5,0095.
Na mínima da sessão, às 13h17, a moeda à vista chegou a R$ 4,9735 (queda de 0,83%).
A retração, segundo especialistas, foi gerada pelo fluxo positivo de moeda, com exportadores aproveitando as cotações mais altas, acima dos R$ 5, para trazer recursos para o país.
No mercado futuro, alguns investidores aproveitaram para ajustar posições, após o forte avanço da véspera. Esse mercado de dólar é o mais líquido no Brasil e, no limite, é o que conduz as cotações da moeda dos Estados Unidos no mercado à vista.
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Outra influência, avalia Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, foi o conteúdo da ata do Copom. Ela reforçou o entendimento de que a Selic, hoje em 13,75% ao ano, não será reduzida no curto prazo.
“O real tem força para apreciar em relação ao dólar, com uma balança comercial muito forte, somado a um diferencial de juros muito elevado. E os riscos externos também estão em queda”, disse Lima.
No exterior, o dólar mantinha ganhos na comparação com boa parte das moedas de países exportadores de commodities, devido ao receio de investidoresquanto às negociações sobre a ampliação do teto da dívida dos EUA.
Às 17h25 (de Brasília), o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,19%, a 101,630.