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Dólar cai pelo 5º pregão e fecha abaixo de R$ 5,50, com expectativa sobre juros

Moeda americana fechou em baixa de 0,41%, cotada a R$ 5,4882, menor valor de fechamento de 23 de agosto (R$ 5,4794)

Economia|Do Estadão Conteúdo

A cotação da moeda americana atingiu R$ 5,82 e gera preocupações sobre o aumento dos preços no país

O dólar emendou o quinto pregão consecutivo de baixa no mercado doméstico nesta terça-feira (17) e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,50 pela primeira vez desde fins de agosto. Segundo operadores, o real parece se beneficiar da perspectiva de ampliação do diferencial de juros interno e externo, na véspera da “super quarta”, que deve resultar em alta da Selic e redução da taxa básica norte-americana.

Apesar do avanço do retorno dos Treasuries (títulos americanos) e do dólar em relação a moedas fortes, na esteira de dados acima do esperado de varejo e indústria EUA, as divisas latino-americanas de países de juros altos se apreciaram, com destaque para os pesos colombiano e mexicano.

O real e seus pares, que apanharam bastante recentemente com desmonte de operações de “carry trade” desencadeado pelo rali do iene, parecem pegar carona na perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai adotar uma postura mais agressiva, inaugurando um processo de alívio monetário com corte da taxa básica em 50 pontos-base.

Com mínima a R$ 5,4790 à tarde, o dólar à vista fechou em baixa de 0,41%, cotado a R$ 5,4882 - menor valor de fechamento de 23 de agosto (R$ 5,4794). Após a queda nas últimas cinco sessões, a moeda americana já acumula desvalorização de 2,61% em setembro.


Já o Ibovespa caiu 0,12%, aos 134.960,19 pontos, com giro limitado a R$ 16,3 bilhões na sessão. Na semana o índice sobe 0,06% e, no mês, cede 0,77%. No ano, avança 0,58%. O longo intervalo de restrita variação tende a terminar nesta quarta-feira, com a deliberação sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil.

Movimento do dólar

O chefe da mesa de câmbio do banco C6, Felipe Garcia, observa que cresceu nos últimos dias a percepção de que o Fed pode optar na quarta-feira por corte de 50 pontos-base na taxa básica, na tentativa de conciliar a continuidade do processo de desinflação com um pouso suave da economia americana.


”Isso tem ajudado o real e algumas moedas emergentes que oferecem um carry mais alto. O peso mexicano e o real vêm se destacando ao longo do mês, depois de terem se depreciado bastante”, afirma Garcia, que vê possibilidade de o real se apreciar mais com possível aumento de diferencial de juros, apesar do ceticismo com o cumprimento da meta fiscal e o enfraquecimento da atividade na China, que deprime preços de commodities.

Monitoramento do CME Group mostra que as chances de o Fed anunciar na quarta-feira um aumento dos juros em 50 pontos-base se mantêm acima de 60% e chegaram a se aproximar de 70% a despeito de dados mais fortes da economia americana. As vendas no varejo dos EUA subiram 0,1% em agosto na comparação a julho quando a expectativa era de queda de 0,2%. Já a produção industrial avançou 0,8% em julho, superando as estimativas, que apontavam crescimento de 0,2% no período.


Por aqui, 61 de 53 casas ouvidas por Projeções Broadcast apostam que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá uma elevação da taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5% no próximo encontro, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.

O time do BTG Pactual, comando pelo economista-chefe do banco e ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, prevê que a taxa Selic atinja 12% em janeiro de 2025. Embora um aumento da diferencial de juros interno e externo possa ser benéfico para o real, os economistas do banco observam, em relatório, que uma queda mais forte do dólar por aqui virá apenas com medidas para estancar o crescimento do endividamento público.

”Um novo ciclo de aumento da taxa de juros sem sinais fortes do compromisso do governo com o controle do crescimento da despesa obrigatória pode ocasionar o efeito adverso de aumentar ainda mais o risco fiscal, com crescimento mais rápido da dívida pública e taxa de juros mais elevada por um período mais longo, que pode nos levar a um crescimento menor em 2025 e 2026″, afirma o time do BTG Pactual.

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