O cenário internacional continuou pesando no mercado nesta quarta-feira (9), fazendo o dólar fechar pelo terceiro dia seguido em alta e encostado no patamar de R$ 3,60, diante de temores de juros maiores e tensões geopolíticas envolvendo os Estados Unidos e o Irã.
Na sessão, a moeda norte-americana avançou 0,74%, a R$ 3,5954 na venda, maior nível desde 31 de maio de 2016 (R$ 3,6123). No mês, a moeda norte-americana já acumula alta de 2,62%, depois de saltar 10% entre fevereiro e abril.
Na máxima da sessão, o dólar foi a R$ 3,6111. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,8% no final da tarde.
"Após a decisão dos EUA de abandonarem o acordo com o Irã, os mercados monitoram o comportamento do petróleo... que pode influenciar diretamente na inflação do país", escreveu a Advanced Corretora.
Na véspera, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que seu país estava abandonando o acordo nuclear com o Irã, envolvendo sanções e alimentando temores de que a produção e exportação de petróleo iraniano possam ser afetadas e elevar os preços da commodity.
Esse movimento pode obrigar o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, a ser mais duro no atual ciclo de aperto monetário, atraindo recursos para o país provenientes de outros mercados mais arriscados, como o brasileiro.
O dólar no Brasil subiu mais do que frente a divisas de países emergentes nesta sessão por conta do chamado diferencial de juros, diante da expectativa de que o Banco Central brasileiro vai reduzir a Selic na próxima semana para nova mínima histórica, a 6,25% ao ano.
E, diante de temores de que o Fed pode elevar mais os juros nos Estados Unidos, os investidores tendem a migrar para a maior economia do mundo atrás de rendimentos com baixíssimo risco.
Os pesos chileno e mexicano, por exemplo, eram negociados praticamente estáveis frente ao dólar. "Acredito que se a moeda furar R$ 3,60, o BC voltará a atuar, porque se trata de um movimento especulativo", afirmou o gerente de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Neste mês, o BC entrou com mais força no mercado de câmbio. Pela quinta sessão, vendeu a oferta integral de até 8.900 contratos em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 2,225 bilhões do total de US$ 5,650 bilhões que vence em junho.
Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem e terá colocado o equivalente a US$ 2,8 bilhões adicionais.
"O BC vai procurar evitar distorções de preços. Não acho que esteja preocupado com o nível de câmbio, mas com a volatilidade da moeda", afirmou o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, para quem o nível de R$ 3,60 não necessariamente levará a uma nova atuação do BC.