Dólar sobe quase 2%, e Ibovespa recua, após corte da taxa Selic
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,89, com alta de 1,97%; a Bolsa caiu 0,23%, a 120.585,77 pontos
Economia|Do R7

O corte de 0,50 ponto percentual da Selic, além da sinalização de que o Copom tende a promover maiores reduções de meio ponto percentual nos juros, fez o dólar à vista ter alta firme ante o real nesta quinta-feira, com avaliação dos investidores de que o Brasil se tornará menos atrativo ao capital internacional.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,8997 na venda, com alta de 1,97%.
Já o Ibovespa fechou em baixa nesta quinta-feira, com o declínio de papéis como Eletrobras e Ambev e movimentos de realização de lucros que minam o efeito positivo da decisão do Banco Central de cortar a taxa Selic e dar sinais de mais alívio monetário à frente.
Uma bateria de resultados, entre eles os de Dexco, Suzano, Ambev e Prio, também ocupou as atenções, enquanto uma nova batelada está prevista para depois do fechamento, incluindo os números de Petrobras, Bradesco, Lojas Renner e Alpargatas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,23%, a 120.585,77 pontos. Na máxima, ainda na primeira etapa da sessão, porém, chegou a 122.619,14 pontos. O volume financeiro no pregão somou R$ 27 bilhões.
A moeda americana à vista subiu durante todo o dia, numa reação forte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite de quarta-feira anunciou corte de meio ponto percentual da taxa básica Selic, para 13,25% ao ano.
Além disso, o colegiado deu sinais de intenção de promover novos cortes de 0,50 ponto percentual em suas próximas reuniões. A decisão foi dividida, com 5 votos a 4.
O corte de meio ponto percentual contrariou boa parte do mercado, que precificava de forma majoritária corte de apenas 0,25 ponto percentual. Com isso, houve forte ajuste na curva de juros futuros nesta quinta-feira.
“A decisão do Copom significa menos fluxo de capital para o Brasil, porque lá fora os juros estão subindo ainda, para níveis restritivos, e não há previsão de um início de corte. Então temos pressão forte no real”, comentou o especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos Wagner Varejão.
A leitura do mercado nesta quinta-feira foi que, com juros menores no Brasil e maiores nos Estados Unidos, ao considerar as decisões de política monetária mais recentes nestes países, o diferencial de juros brasileiro está diminuindo, o que torna o país menos atrativo ao capital internacional.
Varejão e um operador ouvido pela Reuters disseram, no entanto, que o avanço do dólar ante o real nesta quinta-feira teria sido “forte demais”, o que abre espaço para ajustes de baixa nas próximas sessões.
Economistas e operadores têm ponderado que, apesar de a decisão do Copom tornar o Brasil menos atrativo ao capital externo, o diferencial de juros segue vantajoso na comparação com outros países emergentes.
Além do Copom, o mercado de câmbio foi influenciado nesta quinta-feira pelo exterior, onde o dólar também mantinha ganhos ante outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities, como o peso mexicano, o peso colombiano e o peso chileno. O Chile, aliás, também já havia surpreendido os investidores ao promover, na sexta-feira passada, corte de juros superior ao previsto pelo mercado.
Em relação às moedas fortes, no entanto, o dólar oscilava perto da estabilidade no fim da tarde.