Economia Economistas desejam que governo antecipe definição das metas de inflação

Economistas desejam que governo antecipe definição das metas de inflação

Esperado para junho, anuncio do Conselho Monetário Nacional pode ser adiantado em meio a criticas do presidente Lula ao atual patamar da taxa básica de juros

Meta de inflação e taxa Selic são os mais recentes alvos de Lula

Meta de inflação e taxa Selic são os mais recentes alvos de Lula

ALEX BRANDON/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 10/02/2023

Em meio à cruzada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva contra a gestão de juros conduzida pelo BC (Banco Central), as atenções se voltam para a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), marcada para a próxima quinta-feira (16). O encontro é o primeiro sob o novo governo.

A expectativa do mercado é de que seja inserida na pauta a possibilidade de antecipar a definição das metas de inflação — outro alvo de Lula —, esperada para junho. Economistas avaliam que a incerteza tem causado prejuízos às expectativas do mercado e aos ativos do Brasil.

Na quinta-feira (9), o tema dominou o mercado doméstico e levou a uma alta do dólar a R$ 5,2788, o maior nível em um mês, e a uma queda de 1,77% do Ibovespa, o principal indicador da Bolsa brasileira.

O movimento dos ativos seguiu a informação de que o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizara à equipe econômica a possibilidade de aumentar o alvo de 2024 de 3% para 3,5%.

A leitura dos analistas é de que adiar a definição das metas até junho, quando o colegiado tradicionalmente delibera sobre o tema, pode amplificar o desalinhamento das expectativas de inflação vistas pelo mercado financeiro e dificultar ainda mais a queda do juro.

O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, defende que uma solução rápida para o tema pode ajudar no "processo de ancoragem das expectativas" e diminuir o ruído na condução da política monetária. "Qualquer que seja a decisão, que venha a ser tomada", disse.

Âncora

Embora uma decisão antecipada possa reduzir as incertezas, alguns agentes do mercado ponderam que alterar as metas antes de o governo apresentar a sua proposta de nova âncora fiscal — prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para abril — poderia levar a uma nova rodada de descompasso das expectativas de inflação.

Sem uma regra fiscal crível para substituir o teto de gastos do governo, a confiança do mercado no alvo seria baixa, diz o economista do Barclays para o Brasil, Roberto Secemski: "Uma meta de inflação mais alta poderia ser interpretada pelo mercado, na falta de uma regra fiscal conhecida e crível, como representando o piso, e não o verdadeiro centro da nova banda de metas, o que poderia ser contraproducente".

O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, espera uma elevação das metas dos próximos anos a um nível entre 4% e 4,5%, em linha com a sua projeção para o IPCA de 2024 (4,5%). Para o analista, a proposta de nova âncora fiscal deverá determinar se o governo e o BC conseguirão aproximar as expectativas em torno do centro do alvo.

Já o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, ressalta que um cenário de expansão fiscal com maior tolerância da política econômica à inflação alta traz risco de aumento da taxa real de juros da economia.

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