Empresas se adaptam e home office deve se consolidar após pandemia
Especialistas avaliam que, após adaptação emergencial, cada vez mais empresas no país deverão adotar o trabalho remoto em suas rotinas
Economia|Guilherme Padin, do R7
Com a necessidade de confinamento após a chegada do novo coronavírus, a modalidade do home office ganhou força. Se o que se espera para os próximos meses da pandemia da covid-19 ainda é incerto, o futuro do trabalho remoto no Brasil deve ser mais próspero, como avaliam profissionais ouvidos pelo R7.
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Sócia-fundadora de uma consultoria de gerenciamento, Olga Martínez tem ajudado gestores neste período de adaptação emergencial. Ela crê numa maior adesão à modalidade. “Até as pessoas mais resistentes estão falando nisso”, diz.
Uma pesquisa sobre o assunto com gestores de mais de 100 empresas mostrou que 30% deles prentendem manter o trabalho remoto pelo menos uma vez por semana após a pandemia.
“É uma tendência que já estava em curso, mas que a pandemia acelerou, pois rompeu barreiras culturais conservadoras que existiam para que a prática não se disseminasse”, avalia André Miceli, diretor-executivo da companhia responsável pelo estudo.
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Olga Martínez afirma que o trabalho remoto abriu horizontes de atuação e permitiu, ao atuar com equipes em todo o mundo, ter um novo nível de flexibilidade – “geográfica, de agenda e de possibilidades de acesso”.
“Revolucionou a forma como eu entendo o trabalho. Hoje não estou 100% do tempo no remoto, mas muito do que faço é remoto porque é melhor e mais efetivo”, afirma Martínez, que garante não ter dúvidas de que a modalidade é o futuro no mercado de trabalho.
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Luis Otávio Camargo Pinto, advogado e presidente da Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades), avalia que este período será um divisor de águas a respeito do home office e outras modalidades de teletrabalho no país. “O que percebemos é que muitas empresas tinham uma resistência, uma questão cultural. Elas perceberam agora que o teletrabalho funciona e que, desde que tenha uma correta implantação, dá certo”, afirma Camargo.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados em 2019 reforçam a fala do advogado: apenas 5,2% dos trabalhadores atuavam na modalidade de teletrabalho no Brasil em 2018.
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A bióloga-paisagista e designer de interiores Camila Castanheira também se viu forçada a realizar parte de seus serviços de casa e acredita que, ao fim da pandemia, deverá ficar mais tempo em casa do que antes. “Podemos resolver muitos assuntos com apenas um clique”, diz ela, que percebe a movimentação de fornecedores para o comércio online e clientes já acostumados a reuniões por videoconferências: “Vai otimizar nosso tempo pois vamos gastar menos tempo no trânsito”.
Castanheira conta que sua principal dificuldade até o momento tem sido na captação de novos clientes, pois “muitos não querem ou não podem gastar em um momento de incertezas”.
Barreiras enfrentadas pelas empresas na pandemia
A perda da cultura de controle da equipe é uma das maiores barreiras enfrentadas pelos gestores, na avaliação de Olga Martínez. Muitos chefes têm dificuldade em passar de uma situação de acompanhamento físico do trabalho pela proximidade para uma de confiar e deixar que as pessoas se autogerenciem.
Outro ponto de dificuldade é a falta de contato físico. "Os funcionários têm sentido falta de relações sociais no trabalho, das brincadeiras e isso tem um impacto no lado emocional e na resiliência”, explica a consultora.
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Como a passagem para o trabalho remoto aconteceu de forma repentina e sem treinamento específico, Martínez diz que muitas pessoas não estavam prontas. Para ela, a queda de produtividade não deveria ser normal, mas acaba sendo comum, “porque as pessoas não foram treinadas e não tiveram esse período de adaptação. Não é uma nova organização de trabalho, mas da vida inteira”, pontua.
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"Temos que abraçar a mudança que nos foi imposta e lidar com ela da melhor maneira possível", diz a consultora, para quem é preciso aceitar a nova rotina. “Não podemos seguir pensando e agindo como se as coisas estivessem como antes, e também não dá para pensar sobre quando acabar, porque não sabemos o que acontecerá no futuro", diz.