Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Falta de renda afetará mais a Páscoa do que preço de produtos

Itens como azeite, batata, cebola, pimentão e chocolate estão mais baratos do que em 2019. Só o bacalhau, único importado do grupo, registra alta

Economia|Márcia Rodrigues, do R7

Bacalhau foi único item que registrou alta na comparação com a Páscoa de 2019
Bacalhau foi único item que registrou alta na comparação com a Páscoa de 2019

O bacalhau deixou de ser o vilão do bolso dos consumidores na Páscoa, apesar de manter a posição de item mais caro do cardápio tradicional. A pandemia do coronavírus, além de não permitir as reuniões de família, também afetará a mesa do brasileiro. O grande desafio da Páscoa, este ano, não será o preço dos produtos, mas a falta de renda e o desemprego.

Leia mais: Coronavírus: saiba quais alimentos não podem faltar na quarentena

"A população não tem renda para comprar. Muitas famílias estão sendo afetadas diretamente pelo isolamento por viverem de serviços que dependem da venda diária para levar comida para a casa", diz André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE. Ele cita como exemplo diarista, guardador de carros e ambulantes.

Leia mais: 'Vamos sair dessa crise antes dos outros países', diz Paulo Guedes


Itens como batata, cebola, pimentão e azeite estão mais baratos do que na Páscoa do ano passado, segundo Braz. O chocolate - em barra e bombons - e o vinho, tiveram alta abaixo da inflação atingida no período, de 3,44%. Ambos tiveram aumento de 0,54% e 1,3%, respectivamente.

Confira abaixo a variação de preços

Registraram queda de preço:


⦁ Azeite: 5,09%

⦁ Batata: 28,93%


⦁ Cebola: 15,86%

⦁ Pimentão: 4,42%

Registraram alta de preços:

⦁ Bacalhau 13,35%

⦁ Chocolate em barra ou bombom: 0,54%

⦁ Ovos de Páscoa: 10%

⦁ Pescado: 0,76%

"Tomara que as pessoas tenham o básico para comer nesta Páscoa. Somente as famílias com melhor poder aquisitivo devem ter acesso a esses itens."

(André Braz)

"Estamos gerando pouca renda e empregos, mesmo com as constantes quedas da taxa básica de juros, a Selic. Se a previsão era crescer 2% este ano, o coronavírus mudou totalmente nossa realidade e devemos ter PIB [Produto Interno Bruto] negativo em 2020", afirma Braz.

Leia mais: Governo terá app para localizar informais e liberar auxílio de R$ 600

O economista acredita que o confinamento social impactará no desempenho do país, considerando que 60% do PIB vem da área de serviços e poucas empresas estão podendo trabalhar.

"Com o PIB negativo, se as pessoas já tinham dificuldade para arrumar emprego, a situação deve piorar, aumentando o nível de desemprego e a redução da renda", ressalta.

Baixa renda não sabe se terá comida no dia seguinte

Para o sociólogo Fabio Mariano, a população de baixa renda não está pensando no que terá para servir no almoço de Páscoa, mas se terá comida na mesa no dia seguinte.

Leia mais: Governo mobilizou R$ 750 bilhões contra coronavírus, diz Guedes

"O impacto da pandemia do coronavírus é muito maior para a baixa renda. O desemprego já chegou para esse público e ninguém está preocupado se terá almoço de Páscoa ou não, mas com a falta de saneamento básico, água e sabão para sobreviver. Querem saber se conseguirão levar arroz, feijão para almoçar e jantar e pão e leite para o café da manhã."

Leia mais: Mistura de arroz com feijão na mesa dos brasileiros cai 40% em 15 anos

Mariano destaca que essa população vive, exclusivamente, da renda diária.

"O mecânico da oficina%2C a diarista e a manicure usam o dinheiro que ganharam no dia para comprar o jantar ou o café da manhã do dia seguinte."

(Fábio Mariano)

A maioria, de acordo com o sociólogo, vive de diversas rendas que vão conquistando paralelamente. A diarista também vende Avon ou faz bolo para fora, a manicure faz unha extra e o encanador e o pintor vão pegando bicos, por exemplo.

Leia mais: Coronavírus: shoppings manterão emprego e salário na quarentena?

"Agora eles não contam mais com esse rendimento extra porque as pessoas não têm dinheiro e estão em confinamento. A baixa renda sempre se virou quando o desemprego invadiu a sua porta e conseguia um mínimo para sobreviver, mas neste momento não está conseguindo."

Mariano destaca que falta dinheiro para pagar aluguel, conta de luz e outras despesas básicas. "É até por isso que essas contas são prioridade nas medidas do governo."

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.