Lobby, aproximação da China e inflação: entenda o que está por trás do aceno de Trump ao Brasil
Economista avalia que governo americano mudou a postura após conversas com empresários brasileiros e pressão do mercado interno devido à inflação
Economia|Do R7
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O governo brasileiro freou, nesta sexta-feira (26), o processo da Lei da Reciprocidade e aguarda a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu par americano, Donald Trump, que pode ocorrer na próxima semana. A decisão sobre a possibilidade de uma retaliação aos Estados Unidos estava prevista para esta terça-feira (23), mas foi adiada. A decisão vem após Trump sinalizar durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, uma possível negociação com o Brasil sobre as tarifas impostas ao país.
Para o economista Ricardo Buso, a medida retaliatória teria um efeito de resposta mais para o campo diplomático do que econômico pela defesa da soberania do país. Uma vez que os Estados Unidos não são o principal parceiro comercial do Brasil e vários setores ficaram de fora das tarifas, Buso acredita que os impactos econômicos aos brasileiros seriam mais pontuais em alguns setores que possuem mais relações comerciais com Washington.
“Nós precisamos ter a clareza de que, do total que nós exportamos para os Estados Unidos, 12%, 13% do que nós mandamos para lá correspondem ao total da nossa exportação. Já nos Estados Unidos, o que eles mandam para nós é algo em torno de menos de 3%, 1% e alguma coisa, então é muito desproporcional, é complicado você medir forças com parceiro que tem tanto espaço para esticar a corda”, comenta.
Em entrevista ao Conexão Record News desta sexta, Buso ainda lembra que a medida retaliatória veio como último recurso, uma vez que uma negociação sempre foi desejada pelo Brasil com a reciprocidade sendo decidida em um momento em que as portas estavam fechadas: “Como abriu essa porta recentemente, e é óbvio que não foi por química, nada disso, foi por lobby, por interesses econômicos de fato, mas o fato é que abriu a porta, então é o momento realmente de esperar para não tomar nenhuma atitude precipitada, acho importante”.
Outro ponto listado pelo economista é a inflação norte-americana, que está próxima do limite e fica ainda mais pressionada com as tarifas sobre a carne e café brasileiros dos quais os americanos são dependentes. Além do lobby de empresários brasileiros junto ao governo americano, ele lista a aproximação da China com o Brasil, como outro motivo para a sinalização de conversa com Washington.
“O que ele [Trump] fez foi jogar para a China, que já é o maior parceiro comercial e é o único mercado junto com a Índia talvez que possa dar algum respaldo para essa brecha que abriu no começo internacional para o Brasil, então de fato tem uma preocupação clara com a China”, finaliza Buso.
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