Lojas Americanas surpreendem o Brasil com rombo de R$ 43 bilhões
Inicialmente, dívida revelada pela rede varejista por supostas 'inconsistências contábeis' era de R$ 20 bilhões
Economia|Johnny Negreiros, do R7*
O ano de 2023 está acabando. Com ele, um episódio logo em janeiro ficou conhecido como o maior escândalo privado da história do Brasil: a suposta descoberta de rombo bilionário na Americanas. Até o momento, ninguém foi apontado como culpado nem foi preso.
Em 11 de janeiro, o então presidente da empresa, Sérgio Rial, deixou o cargo após supostamente se surpreender com saldo negativo de R$ 20 bilhões no balanço financeiro da companhia.
O déficit teria acontecido por "inconsistências contábeis". Para efeito de comparação, o patrimônio líquido da organização até aquele momento era de R$ 14,7 bilhões. Em outras palavras, a Americanas deve mais do que ela própria vale.
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No dia seguinte, as ações da varejista despencaram 80%, e ela perdeu R$ 40 bilhões em valor de mercado, segundo estimativas.
Para ter uma noção do tamanho do tombo, um acionista com R$ 100 investidos na companhia, viu seu papel se derreter para R$ 20 em apenas 24 horas.
Inclusive, é importante citar uma prática comum no mercado de trabalho, que é atrelar parte da remuneração do trabalhador (seu salário) a ações da companhia. Ou seja, o empregado nessas condições viu seu dinheiro quase desaparecer de um dia para o outro.
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Em 19 de janeiro, a 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas. Na petição encaminhada à Justiça, a empresa já apontou salto para R$ 43 bilhões em dívidas, com cerca de 16,3 mil credores (alguém que tem valores a receber).
Desde então, a companhia viu o processo passar por idas e vindas nos tribunais. Até que, em novembro, a varejista fechou um acordo com os credores com a previsão de injeção de R$ 24 bilhões.
O R7 entrou em contato com a Americanas para pedir atualizações sobre a execução do plano de recuperação judicial, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Bilionários brasileiros
A maior parte desse montante será paga pelos trio 3G, os maiores acionistas e “donos” da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Eles compraram a Americanas na década de 1980. Os três brasileiros estão entre os mais ricos do mundo e são considerados os principais empresários de sucesso do país.
Juntos, eles também comandam a rede de fast-food Burger King, a marca de alimentos Heinz, entre outras multinacionais.
Nenhuma responsabilização
Apesar de ser considerado o maior escândalo privado do mundo e comparado a grandes esquemas de corrupção públicos, como o mensalão e o petrolão, não se apontaram culpados nem responsáveis.
Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) chegou a ser aberta no Congresso Nacional para apurar o caso. Em quatro meses de trabalho, o grupo não indiciou ninguém.
Por sua vez, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza o mercado financeiro) abriu dois inquéritos sobre a Americanas em janeiro. Eles ainda não foram concluídos.
*Sob a supervisão de Ana Vinhas
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