Mantega nega que economia esteja 'patinando'
Ministro justificou que a bolsa está subindo e o câmbio está estável
Economia|Do R7

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que a economia brasileira esteja patinando.
— Ela está sólida. Temos praticamente pleno emprego, estamos com gradual aquecimento.
Ministro acrescentou que a bolsa está subindo, o câmbio está estável, o fluxo de capital externo é positivo.
— Estávamos fazendo ajuste inflacionário, a inflação do mês passado foi quase zero. A inflação está caindo há quatro meses. As condições são favoráveis na economia.
Mantega alegou que faltava crédito no mercado brasileiro.
— Estava faltando crédito inclusive em função das medidas bastante duras que o BC tomou para combater a inflação. As medidas foram bem-sucedidas, a inflação esta sob controle.
Segundo Mantega, neste momento, o BC achou por bem aumentar a liquidez.
— Irrigar a economia com liquidez gradualmente e é isso que está sendo feito. Isso vai melhorar um pouco o crédito. O crédito tinha ficado muito contraído e vai melhorar gradualmente.
Mantega afirmou que as medidas anunciadas nesta quarta-feira (20) pela Fazenda são de âmbito regulatório, melhoram as transações e reduzem custo.
— Não quer dizer que imediatamente haverá expansão do setor imobiliário. São medidas com efeito no curto, no médio e no longo prazo. É um esforço que fazemos a todo momento para melhorar o marco regulatório do País.
O ministro da Fazenda, não comentou a ata do Fed (Federal Reserve) divulgada nesta quarta-feira (20). Disse que não leu ainda o documento, mas destacou que o importante será a reunião que acontecerá no final de semana em Jackson Hole, "quando teremos mais pistas sobre a política monetária americana".
Ao ser questionado sobre uma possível semelhança entre medidas adotadas no Brasil com o subprime que gerou crise no exterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou e disse que o sistema financeiro brasileiro é um dos mais sólidos e capitalizados do mundo.
— Nós estávamos com exigência de capital muito acima de Basileia. Estávamos com combinação de política monetária bastante severa, com juro alto, e isso permanece, e com medidas macroprudenciais bastante severas. O que BC fez foi adequar condições, buscando Basileia como parâmetro.
De acordo com Mantega, qualquer uma das medidas (anunciadas pelo governo brasileiro), como o título, é muito mais segura que títulos do subprime.
— No subprime, as instituições emitiam títulos em torno de recebíveis duvidosos. Não tinha segurança. O que estamos lançando é com segurança do capital da instituição financeira. Não tem a menor semelhança com esse fato.
Dupla garantia
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, disse que a criação das Letras Imobiliárias Garantidas (Covered Bond) terá dupla garantia: a cobertura da instituição financeira emissora e a carteira imobiliária que ficará apartada dos ativos de liquidação dos bancos. Segundo ele, a medida traz mais segurança jurídica no financiamento de longo prazo e redução do custo do imóvel.
Segundo ele, o Covered Bond é uniformizado no mundo todo. Ao criar esse papel, o Brasil entra no padrão internacional e uniformiza as regras para o investidor estrangeiro que não conhece o mercado do Brasil. O papel terá isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas desde que o título tenha prazo médio acima de dois anos.
Imóvel poderá garantir outro financiamento, diz Mantega
Ele disse que a medida ajuda a Caixa e todos os bancos que trabalham com o crédito imobiliário porque a instituição vai aumentar o funding e poderá usar esses recursos em novas operações de crédito imobiliário.
Renavam dos imóveis
Caffarelli, explicou que o governo vai centralizar na matrícula do imóvel todas as informações jurídicas sobre o bem. Segundo ele, será uma espécie de "Renavam dos imóveis". Dessa forma, será criado um registro único sobre o imóvel para evitar que o comprador de um imóvel tenha que percorrer vários cartórios.
— O que se propõe aqui é uma quebra de paradigma. A ideia é que qualquer ônus fique no imóvel. É um aperfeiçoamento da nossa legislação. Na verdade, traz segurança maior para quem está oferecendo o crédito na alienação fiduciária do imóvel e facilita a vida do comprador. Vai haver uma segurança maior que o imóvel estará desimpedido.