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Mercado reage a falas de Prates, e ações da Petrobras ganham fôlego

Senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado para presidir a estatal, diz que o governo não vai intervir no preço dos combustíveis

Economia|

Ações da Petrobras começaram a se estabilizar depois de dois dias de queda
Ações da Petrobras começaram a se estabilizar depois de dois dias de queda Ações da Petrobras começaram a se estabilizar depois de dois dias de queda

As ações da Petrobras firmavam-se em alta nesta quarta-feira (4), com as preferenciais (PN) subindo mais de 3%, após o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo novo governo para comandar a petrolífera de controle estatal, afirmar que não haverá intervenção no preço dos combustíveis.

Mesmo não trazendo novidade, as declarações serviram como argumento para melhorar o desempenho dos papéis após quedas seguidas e sensibilidade de agentes financeiros ao tema.

Nos dois primeiros pregões do ano, as PNs contabilizaram um declínio de quase 9%, e as ON, de cerca de 8%. A principal razão apontada por especialistas teria sido a preocupação com as estratégias da petrolífera no governo de Lula, que reforçou em discursos o relevante papel da empresa no desenvolvimento do país.

Antes da fala de Prates, os papéis vinham mostrando variações modestas, em sessão marcada pela renúncia do presidente-executivo, um dia após o governo informar ao conselho de administração da companhia que Prates será o indicado para o cargo.

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Por volta das 15h10, Petrobras PN subia 3,45%, a R$ 23,11, e Petrobras ON avançava 2,17%, a R$ 26,36, enquanto o Ibovespa mostrava acréscimo de 1,21%.

Prates afirmou, segundo a agência Bloomberg, que não haverá desvinculação dos preços internacionais, e que a ideia é desvincular o PPI (preço de paridade de importação), conforme sinalizado anteriormente.

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"Com certeza foi isso que puxou Petrobras", avaliou o gestor de uma empresa ligada ao setor de previdência complementar, com sede no Rio de Janeiro.

O senador disse, conforme informações da Agência Estado/Broadcast citadas por Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital, que os preços são influenciados pelo cenário internacional.

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"A afirmação de Prates de que os preços serão de mercado, com influência da oscilação internacional ao invés de um preço 'abrasileirado', como sugerido anteriormente, deu grande alivio às ações da Petrobras', comentou. 

"Não é exatamente uma novidade, mas hoje o mercado acreditou mais", acrescentou o executivo, destacando que o movimento ocorre mesmo em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior, com o contrato Brent caindo mais de 4%.

Campos ainda ressaltou que parece ter havido uma ação conjunta de membros do governo, de irem devagar nas afirmações heterodoxas. A observação inclui a declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que o governo não está avaliando, neste momento, rever reformas realizadas anteriormente, incluindo a da Previdência.

Prates já havia dito que a política de preços de combustíveis do país vai mudar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas que isso não significaria um descolamento total dos valores da estatal dos praticados no mercado internacional.

"Quando falamos em extinguir ou parar de usar o PPI como referência, não é que vamos desgarrar o preço completamente do mercado internacional. O país não é louco, não vamos criar uma economia paralela no Brasil", disse o senador, no último dia 30, quando Lula anunciou a indicação dele para a presidência da empresa.

Desde a eleição de Lula, em 30 de outubro, as PNs da Petrobras acumulam queda em torno de 19%, e as ONs da companhia cedem cerca de 17%, distante das suas máximas históricas intradia de R$ 33,59 e R$ 37,43, respectivamente, apuradas naquele mês.

Analistas têm adotado uma visão cautelosa diante de possíveis mudanças na estratégia de longo prazo da petrolífera e de dúvidas sobre sua futura alocação de capital, bem como acerca das políticas de dividendos e preços de combustíveis, não descartando aumento na volatilidade dos papéis.

Ibovespa e dólar

O Ibovespa buscava uma estabilização nesta quarta-feira, após queda de 5% nos dois primeiros pregões do ano, com Eletrobras entre as maiores altas após anúncio sobre recompra de ações, enquanto persistem preocupações com as sinalizações do novo governo brasileiro.

Às 11h45, o Ibovespa subia 0,24%, a 104.420,34 pontos. O volume financeiro somava R$ 5,15 bilhões. Por volta das 12h10 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,37%, a 104.547,68 pontos.

"O noticiário político segue adicionando pressão no cenário doméstico, com dúvidas na dinâmica da dívida pública nos próximos anos e temores sobre eventual revogação de leis e reformas, agora com a possibilidade de nova reforma na Previdência", destacou a XP Investimentos em nota a clientes.

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A moeda norte-americana avançava 0,39%, a R$ 5,4752 na venda, após trocar de sinal várias vezes ao longo da sessão, e depois de ganhar quase 3,3% nos últimos dois pregões.

O dólar alternava altas e baixas ante o real nesta quarta-feira, enquanto o Ibovespa mostrava viés positivo, com investidores ajustando posições após queda acentuada dos ativos brasileiros nos primeiros dois pregões do ano, mas ainda temerosos com a agenda econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto isso, no mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs retomavam a alta recente, com ganhos de 11 a 19 pontos-base na curva de janeiro de 2024 a janeiro de 2028, mas em ritmo mais moderado que aquele observado nos dois primeiros pregões do ano.

É normal, depois de movimentos acentuados dos ativos brasileiros, haver momentos pontuais de ajuste, conforme investidores realizam lucros, dizem especialistas. No entanto, permaneciam temores no mercado sobre a agenda do novo presidente e seus ministros, que devem manter a volatilidade elevada no curto prazo.

A postura relativamente moderada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não tem sido capaz de acabar com o pessimismo do mercado. "Os discursos de Haddad mostram uma abordagem considerada 'amigável' ao mercado, tratando de temas como responsabilidade fiscal e reforma tributária. No entanto, a falta de sinalizações mais concretas, como, por exemplo, a nova âncora fiscal, tem frustrado os operadores", disse a Levante Investimentos, em relatório.

Troca de presidentes

A Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou o encerramento antecipado do mandato de Caio Paes de Andrade como presidente da companhia já a partir desta quarta-feira. O colegiado nomeou o diretor de Desenvolvimento da Produção, João Henrique Rittershaussen, para ocupar o cargo interinamente. Andrade renunciou, ainda, ao cargo de membro do Conselho de Administração da companhia.

Na véspera, fontes já sinalizavam a renúncia do presidente, em movimento para abrir caminho ao indicado do novo governo para a função, o senador Jean Paul Prates.

Antes de assumir, ele terá que passar por testes de integridade e elegibilidade dentro da Petrobras, para garantir que cumpre os pré-requisitos para exercer a função. Esse processo pode levar cerca de nove dias depois que seu nome for oficialmente indicado pelo governo ao conselho da empresa.

Com mais de 25 anos de atuação no setor energético, Prates defende a ideia de que a Petrobras eleve seus investimentos em renováveis, em linha com outras petroleiras globais, e na área de refino, em busca de segurança energética.

Rittershaussen, escolhido para ocupar o posto de CEO interinamente, é graduado em engenharia elétrica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e em engenharia de petróleo pela Petrobras, com MBA em Gestão de Negócios pela Coppead/UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele atua na Petrobras há 35 anos.

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