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R7 Brasília

'Política de preços não é da Petrobras, é do governo', diz membro da transição

Senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou, porém, que o governo brasileiro poderá adotar algum 'colchão de amortecimento'

Brasília|Plínio Aguiar e Ana Isabel Mansur, do R7 em Brasília

Senador Jean Paul Prates em reunião com grupo técnico de minas e energia
Senador Jean Paul Prates em reunião com grupo técnico de minas e energia

Membro do grupo técnico de minas e energia da equipe de transição, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou nesta quinta-feira (24) que a política de preços adotada pela Petrobras não é da estatal, mas sim do governo. Segundo ele, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), poderá adotar algum "colchão de amortecimento" para que o preço pago pelo consumidor nos combustíveis seja menor. Prates não deu detalhes de como a medida seria na prática, mas negou que vá haver controle de preços.

"Essa política de preços não é da Petrobras. A política de preços é do governo. Vamos começar a separar bem essas coisas. A Petrobras vai fazer a política de preços dela, para os clientes dela, para o volume, qualidade de clientes, enfim, como qualquer empresa vende", afirmou Prates.

"Quem vai dar a política de preços, em geral, para o Brasil, se vai ter alguma forma, algum colchão de amortecimento, conta de estabilização, preço de referência etc., sem absolutamente falar algo de congelamento, nenhum ato forte nesse sentido interventivo, é o governo brasileiro", completou o senador.

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A Petrobras adota o modelo de preço de paridade internacional (PPI), o que faz com o que o preço da gasolina, do etanol e do diesel acompanhe a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional. A empresa foi criticada diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro diante da alta dos combustíveis.

Alta nos preços dos combustíveis

Os cinco aumentos seguidos ao consumidor vieram apesar de a Petrobras manter o preço do combustível congelado há ao menos 73 dias. A gasolina, por exemplo, sobe desde o dia 2 de outubro, quando o litro chegou a R$ 4,79. Desde então, o produto já acumula alta de 4,8% nas bombas. Isso se deve a aumentos praticados por refinarias privadas, como a de Mataripe (BA), importadores e varejistas.


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Também contribuíram para a escalada dos preços do insumo a alta no preço do etanol anidro, que compõe 27% da mistura da gasolina e, mais recentemente, no início do mês, o fechamento de estradas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que protestavam contra o resultado das eleições. Os bloqueios pressionaram os preços da gasolina em estados do Sul do país, além de regiões de São Paulo.

A redução no preço da gasolina foi uma das bandeiras da campanha para a reeleição de Bolsonaro. O preço começou a cair no fim de junho, quando o litro da gasolina chegou ao pico de R$ 7,39. Então, o governo conseguiu diminuir impostos federais e estaduais, medidas que foram seguidas por quatro reduções no preço praticado pela Petrobras nas refinarias.


A ofensiva, três meses antes das eleições, baixou o preço do combustível em 35%, mas, com a alta das cotações internacionais do petróleo e dos derivados, a Petrobras ficou sem espaço para novas reduções, e altas no preço final ao consumidor foram verificadas ainda entre o primeiro e segundo turno das eleições.

Queda nas ações da Petrobras

A Petrobras e o Banco do Brasil apresentavam os piores desempenhos do Ibovespa no dia 31 de outubro, o que refletia a percepção de aumento de incertezas sobre as estratégias de ambas as estatais após Lula ter saído vitorioso na disputa presidencial.

Às 14h, depois de uma leve recuperação no fim da manhã, a Petrobras PN caiu 9,41%, e foi para R$ 29,44, e a Petrobras ON cedeu 7,94%, a R$ 32,94, enquanto o Banco do Brasil registrava queda de 6,83%, a R$ 36,17. No mesmo horário, o Ibovespa caiu 0,84%.

Para o mercado, no caso da Petrobras, o foco está em medidas que poderão afetar os planos de investimento da petrolífera, com reflexo nos dividendos. Esse é um dos fatores que têm apoiado o otimismo recente de analistas com a empresa.

Planejadores de políticas da equipe do petista afirmaram, durante a campanha, que o futuro governo tenderá a intensificar a presença do Estado no setor de refino de petróleo, o que terá impacto nos rumos do preço dos combustíveis da Petrobras.

Lula também prometeu rever o PPI, de forma que os valores dos combustíveis reflitam "custos nacionais" — portanto, sem acompanhar as oscilações do dólar e do petróleo no mercado internacional.

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