Metade dos trabalhadores quer usar FGTS para comprar a casa própria
Usar a grana do Fundo para limpar o nome é desejo de 10% dos profissionais; saldo é suficiente para tirar 59% do vermelho
Economia|Camila Nascimento, do R7*
Quase metade brasileiros (45%) pretende usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para comprar a casa própria. No entanto, a maioria dos trabalhadores não tem saldo suficiente para realizar esse sonho e está com as contas atrasadas, aponta uma pesquisa do Serasa Experian, elaborada em parceria com o Opinion Box e o Banco Pan.
De acordo com o levantamento, metade dos trabalhadores afirma ter até R$ 2.500 no Fundo. Dentre eles, 40% tem apenas R$ 1.000, quantia insuficiente para dar entrada em um imóvel.
Os dados do Serasa também indicam que há no país 65,7 milhões de inadimplentes, volume que representa 36% dos trabalhadores com as contas atrasadas. Mesmo assim, apenas 17% das pessoas pretendem usar o dinheiro do FGTS para pagar as dividias. Outros 10% planejam limpar o nome.
O valor de R$ 1.000 seria o suficiente para quitar a dívida de 34%. Já para 25%, a quantia necessária varia entre R$ 1.000 e R$ 2.500. Apesar de não estar entre as prioridades, 59% dos trabalhadores poderiam resolver suas finanças usando o FGTS.
Em contrapartida, 87% dos entrevistados concordam que ter uma vida financeira estabilizada é fundamental para conquistar os seus sonhos. A maioria dos trabalhadores diz saber que o saque é uma boa oportunidade para conseguir pagar as dívidas, já que 76% dos negativados alegam ter dificuldade de conseguir um empréstimo.
Especialistas aconselham sacar dinheiro para pagar dívidas e fazer uma reserva de emergência, já que as contas do FGTS rendem apenas 3% ao ano. Diante de um cenário de alta dos juros em que a Selic está em 12,75%, o mais indicado é retirar a quantia do Fundo para aplicar em investimentos seguros.
Outras metas e planos
Depois da compra da casa própria, manter o próprio negócio é a segunda maior prioridade (33%). Em seguida aparecem os desejos de cuidar mais da saúde (33%), pagar dívidas (17%), viajar para o exterior (17%), comprar um carro (14%), trocar de carro (11%), conseguir limpar o nome (10%) e morar fora do país (10%).
Aparecem ainda nos planos dos brasileiros, mas com menor frequência, mudar de profissão (8%), fazer uma pós-graduação ou mestrado (8%), começar um curso superior (6%), terminar a faculdade (6%), casar (5%) e ter um filho (4%).
Segundo a economista Dirlene Silva, houve uma mudança, principalmente entre os mais jovens, sobre quais as metas e objetivos. “Com as novas gerações, essa ideia de garantia mudou. Mesmo a casa própria já não é mais unanimidade. Isso vai depender do estilo de vida.”
*Estagiária sob supervisão de Alexandre Garcia