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Mulheres concentram acordos em programa de redução de salários

Minoria no mercado de trabalho, mulheres estão em 53,6% dos acordos. Especialista diz que dado reforça vulnerabilidade

Economia|Márcio Pinho, do R7

Assinatura de carteira de trabalho. Mulheres liderem acordos
Assinatura de carteira de trabalho. Mulheres liderem acordos

As mulheres lideram os acordos para redução de salário ou suspensão de contrato que fazem parte do programa do governo federal com vistas à manutenção do emprego na pandemia.

Elas correspondem a 53,67% dos 3.087.490 acordos firmados entre patrões e empregados em 2021, com 1.657.071 adesões à redução de salário e jornada ou suspensão de contrato.

Por outro lado, os homens correspondem a 46,32% dos acordos - o equivalente a 1.430.236. 

O dado contrasta com a realidade do mercado de trabalho brasileiro. Segundo números do Ministério do Trabalho e Previdência, com base em bancos de dados ligados ao emprego - como o Caged e a Rais - apenas 40,4% dos cerca de 40,4 milhões de brasileiros com empregos formais em junho eram mulheres, o que mostra um predomínio de homens com registro em CLT.


Para Ana Fontes, presidente da ONG Rede Mulher Empreendedora, a maior presença da mulher no programa de manutenção de emprego reforça a situação de fragilidade de pessoas do sexo feminino no mercado de trabalho, apesar da possibilidade positiva trazida pelo programa de tentar evitar demissões.

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Ela opina que a maior vulnerabilidade da trabalhadora, especialmente na pandemia, já vem sendo confirmada por outros dados, como os de desemprego. O estudo Pnad Contínua, do IBGE, por exemplo, aponta que a taxa de ocupação de mulheres caiu de 46,2%, no segundo trimestre de 2019, para 39,7% no mesmo período em 2020, quando houve a maior paralisação da economia. No caso dos homens, a taxa de ocupação caiu menos, de 64,1% para 58,1%.


Leia mais: Pandemia foi pior para negros e mulheres no mercado de trabalho

Apesar da reabertura de setores da economia de forma mais intensa nesse segundo semestre, o nível de empregabilidade ainda não foi retomado. 


Para Ana Fontes, a maior presença de mulher entre contratos suspensos ou reduzidos "reforça a necessidade de se fazer políticas afirmativas para incluir mais mulheres no mercado. Em muitos casos, elas sustentam sozinhas as famílias", afirma. Ainda segundo a especialista, o impacto no emprego força uma migração para o empreendedorismo, muitas vezes num ambiente informal. "Há mais mulheres fazendo bicos ou trabalhos free-lancer para poder manter a renda", diz. 

Programa

O programa de manutenção do emprego e da renda foi uma das principais iniciativas de socorro à economia no ano passado, sendo responsável por mais de 20 milhões de acordos e por evitar demissões, especialmente no primeiro semestre, quanto o comércio e serviços ficaram fechados por alguns meses em diversos estados do país. Nele, o governo arca com uma parte ou todo o salário do trabalhador pagando o BEm (benefício emergencial), no limite de R$ 1.911,84 mensais.

A iniciativa é diferente do auxílio emergencial, que é voltado principalmente a trabalhadores informais e famílias de baixa renda.

O programa foi reeditado em abril, com validade de 4 meses - terminando no final de agosto. O governo estuda criar um programa alternativo permanente que possa ser acionado por meio de gatilhos em situações emergenciais, como está sendo a pandemia, por exemplo.

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