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Projeção de 5,5% para o PIB é alta, mas não desafiadora, avalia banco

Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, vê normalização, mas prevê incertezas com uma possível terceira onda da covid-19

Economia|Do R7

Itaú prevê PIB em 5,5% ao final de 2021
Itaú prevê PIB em 5,5% ao final de 2021

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, afirmou que a projeção atual do banco para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, de 5,5%, é alta, mas não desafiadora, já que o carrego estatístico deixado pelo resultado do primeiro trimestre (1,2%) é de 4,9%.

Segundo o economista, a perspectiva é de normalização da economia no quarto trimestre, com a retomada do setor de serviços permitida pelo avanço da vacinação. Mas esse cenário não conta com uma terceira onda forte da pandemia provocado pela variante delta.

Mesquita afirmou que a variante que surgiu na Índia tem trazido incerteza aos mercados globais, pois parece "escapar" mais das vacinas, que, por sua vez, continuam eficazes para prevenir casos mais graves e hospitalizações por covid-19. "A taxa de reprodução da covid, mundial estava abaixo de 1 e voltou a subir, sinalizando expansão da doença", explicou nesta terça-feira (6).

O economista também avaliou que há recuperação no mercado formal de trabalho, mas ela está incompleta, com 4 milhões de empregos a menos frente ao pré-crise. Para o PIB de 2022, o Itaú projeta alta de 1,8%.


Segundo Mesquita, a redução do ritmo de crescimento deve ser provocada pela alta de juros, pelo menor estímulo fiscal, mesmo com a expansão do Bolsa Família, pela desaceleração da economia mundial, e, assim, de preços de commodities. Mas avalia que o risco de alta seriam um cenário de sustentação maior de preços de commodities.

Dólar


Após avaliar que o mercado tem reagido com exagero ao risco político, motivado por acusações de desvios e superfaturamento de vacinas que colocam o governo no centro da CPI da Covid, Mário Mesquita, considerou hoje que o valor justo do dólar está entre R$ 4,50 e R$ 5,00.

Na expectativa de a alta da taxa básica de juros (Selic) - com a possibilidade de aumento de 1 ponto porcentual já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) se apresentando "bem viva" - prevaleça, junto com o ciclo favorável das commodities, sobre os "ruídos políticos", Mesquita reforçou a visão do banco que aponta a um dólar em R$ 4,75 no fim deste ano.


Durante participação da "live", ele ponderou, no entanto, que o câmbio deve voltar a ficar acima R$ 5,00 no ano que vem em razão da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos. A expectativa, disse, é de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) diminuir a injeção de liquidez via compra de títulos em 2022 e voltar a subir os juros entre o fim do ano que vem e início de 2023.

Os títulos do tesouro americano com vencimento em dez anos devem ir, assim, para a faixa de 2,5% a 3% no fim de 2022, o que não será, no entanto, necessariamente ruim para países emergentes, avaliou o economista.

Ao tratar do risco de racionamento de energia no Brasil, o economista-chefe do Itaú avaliou que este é um debate frequente em ciclos de atividade aquecida por o sistema tarifário não funcionar, na avaliação dele, de forma ideal. "Os preços de energia devem subir estruturalmente no Brasil", observou na participação em "live" do jornal Valor Econômico.

Mesquita também considerou durante a "live" que, apesar da melhora sobre a percepção do risco fiscal, o problema do desequilíbrio das contas públicas segue presente. Nas contas do Itaú Unibanco, a dívida pública, dos quase 90% como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado, deve ir para cerca de 82% neste ano, mantendo-se perto deste nível em 2022.

"Ainda é um patamar muito alto. Dívida em 80% do PIB não é um patamar confortável, especialmente para um país emergente. O problema fiscal segue com a gente", comentou Mesquita, citando que as discussões políticas em torno do teto dos gastos do governo suscitam preocupações diante da situação fiscal considerada "precária".

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