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Serviço extra segura renda em meio à crise

Famosos 'bicos' ajudam a pagar as contas

Economia|Do R7

Na falta de um emprego fixo, eles encontraram nos bicos uma forma de pagar as contas do dia a dia. Nem sempre o dinheiro é suficiente, mas ajuda a manter a dignidade do trabalhador enquanto não consegue uma ocupação mais estável.

É o caso de Felipe Renan Gomes, de 23 anos. Com dificuldade para conseguir um novo emprego, o técnico de informática partiu para o mundo dos bicos.

— Faço tudo que está relacionado à informática. Se alguém tem dificuldade para se conectar a internet, por exemplo, vou até casa dele, resolvo o problema e recebo na hora.

Desempregado há quase quatro meses, ele divide o tempo entre a busca por um novo emprego e os trabalhos esporádicos, muitos deles conseguidos por intermédio do site Bicos Online.


— Não estou desesperado, mas não tenho estabilidade financeira. Nunca sei quanto vou ganhar num mês.

Segundo ele, as vagas disponíveis hoje são muito ruins e pagam bem abaixo do salário anterior. 


Bruna Ribeiro, de 25 anos, também tem enfrentado obstáculos para conseguir uma nova colocação. Ela cursava Relações Internacionais e era estagiária de licitações numa empresa farmacêutica. Quando engravidou, trancou a faculdade e saiu do estágio.

— Optei por ficar um ano com meu filho, mas aí, quando tentei voltar ao mercado de trabalho, tive muita dificuldade.


Ela conta que, desde outubro, vem mandando dezenas de currículos, e não apenas em sua área - também tenta vagas como recepcionista e assistente administrativa.

— Consegui uma oportunidade em outra farmacêutica, mas logo a vaga foi congelada.

Com as portas fechadas, Bruna se inspirou numa tia e decidiu fazer algo por conta própria.

— Eu já estava ajudando a divulgar os trabalhos de crochê da minha tia, e acabei gostando. Foi aí que eu comprei uma máquina e decidi fazer meus próprios trabalhos.

Ela começou a colocar fotos de suas toalhas, panos de prato e centros de mesa na internet — e as encomendas vieram sem demora.

— Não achei que fosse vender tanto. Esperava ganhar uns R$ 300, mas consegui mais de R$ 2 mil.

A preocupação de Bruna, no entanto, é manter o ritmo de encomendas após as festas de fim de ano.

—Resolvi diversificar e fiz um curso de pão de mel, pois é algo que vende o ano todo.

Ela não pretende largar os bicos tão cedo. "Mesmo se conseguir emprego, vou manter as costuras e os pães de mel como um complemento na renda.

A situação de Amanda Luiza Pindori de Souza, de 37 anos, é bem pior. De repente, a professora particular de inglês, mãe de duas crianças pequenas, se viu sem alunos e com o marido desempregado.

— Numa crise, a primeira coisa que cortam são os gastos com educação.

Com a chegada dos filhos, decidiu reduzir a carga de trabalho e dar aulas particulares. Chegou a ter 12 alunos, o que lhe rendia uma boa remuneração mensal. Mas, além de uma mudança de cidade, veio a crise. Os alunos foram rareando. Primeiro caiu para três, depois para um e agora nenhum. Nesse ínterim, o marido, engenheiro de materiais, perdeu o emprego. Para conseguir algum dinheiro, os dois estão fazendo bico.

Ela vende lingerie, tupperware e suplementos alimentares. O que ganha é mínimo.

— Não sou uma boa vendedora. Se uma pessoa diz que não gosta de uma coisa, não insisto.

O marido conseguiu um bico numa empresa três vezes por semana e ganha menos da metade do que ganhava antes.

— Vivemos da ajuda de parentes e amigos. Ganhamos uma cesta básica e temos contribuição para o aluguel.

Sucesso

O que para muitas pessoas é um drama, para William Santos foi uma oportunidade. Ao ficar desempregado há um ano e meio, o eletricista começou a fazer bicos e a pegar tudo que aparecia pela frente. A renda mensal saltou de R$ 1,8 mil para R$ 5 mil. Comprou carro novo e agora guarda dinheiro para adquirir a casa própria.

— Faço tudo que está relacionado a reformas. Se não é minha especialidade, chamo alguém que sabe fazer, mas não abro mão do trabalho.

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