Setores produtivos reagem à tarifa de 50% imposta por Trump sobre produtos brasileiros
Associações da indústria, do agronegócio e do comércio exterior manifestaram preocupação com taxação dos EUA
Economia|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros gerou forte reação de entidades do setor produtivo no Brasil. Associações da indústria, do agronegócio e do comércio exterior manifestaram preocupação com os impactos econômicos da medida e pediram a retomada urgente do diálogo entre os dois países.
Em nota oficial, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que não há justificativa econômica para a adoção da tarifa e alertou para os prejuízos que a medida pode causar à economia brasileira.
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“Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia”, afirmou o presidente da entidade, Ricardo Alban.
Ele defendeu o reforço do diálogo institucional como saída para o impasse. “Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países.”
A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) foi outra entidade que se posicionou com firmeza contra a medida. A entidade avalia que a nova tarifa tornará o custo da carne brasileira proibitivo nos Estados Unidos, inviabilizando as exportações do setor.
“A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à segurança alimentar”, declarou a associação. Em nota, a entidade disse estar disposta a colaborar com as negociações para evitar prejuízos tanto aos produtores brasileiros quanto aos consumidores norte-americanos.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), que representa a bancada ruralista no Congresso Nacional, também demonstrou preocupação. Segundo a FPA, a medida tem efeitos diretos sobre o agronegócio brasileiro, afetando a taxa de câmbio, encarecendo insumos importados e comprometendo a competitividade das exportações nacionais.
“É momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, disse a FPA em nota.
Para a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a tarifa de 50% representa um ataque sem precedentes ao Brasil no comércio internacional. O presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro, disse que a decisão tem motivações políticas e pode afetar negativamente a imagem do país perante outros mercados.
“É uma das maiores taxações já aplicadas a um país e geralmente só direcionadas a inimigos estratégicos — o que nunca foi o caso do Brasil. Isso pode criar medo em importadores de outros países, receosos de se indispor com o presidente Trump”, avaliou.
A AEB classificou o cenário como “muito duro” e alertou que os efeitos não se restringem aos exportadores, mas podem se espalhar por toda a economia brasileira. Ainda assim, a entidade aposta na reversão da medida com base no diálogo e no bom senso.
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