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Aposentado de 58 anos passa em medicina na Unicamp após 30 anos trabalhando em metalúrgicas

Claudio Valente superou uma concorrência de 330 candidatos por vaga e hoje está no quinto e penúltimo ano do curso

Educação|Vivian Masutti, do R7

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Claudio Valente, aluno de medicina da Unicamp, e a mulher, Mônica
Claudio Valente, aluno de medicina da Unicamp, e a mulher, Mônica

Após 30 anos trabalhando em metalúrgicas, Claudio Valente, de 58 anos, deu início, em 2019, ao antigo sonho de cursar medicina.

E o melhor: em uma universidade pública. Hoje ele está no quinto e penúltimo ano da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e lembra com carinho e orgulho de sua trajetória até aqui.


Valente cursou escola técnica e começou a trabalhar aos 17 anos, na área da metalurgia. “Sempre tive uma queda por medicina, mas o curso era integral e não dava para trabalhar ao mesmo tempo. Então, nem cheguei a fazer cursinho para tentar”, lembra.

Já no mercado de trabalho, ele decidiu fazer engenharia em uma faculdade particular de Santos, uma das poucas cidades que tinham a opção noturna do curso. O jovem morava então em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e descia a serra em um ônibus fretado todos os dias para estudar.


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“Eu mesmo pagava e logo consegui uma vaga melhor — de engenheiro de manufatura — na Volkswagen. Fui promovido a supervisor e virei gerente, cargo que exerci por muitos anos”, conta ele.

Valente casou-se jovem e teve três filhas, hoje com 30, 28 e 27 anos, todas formadas. Depois, veio um menino, filho temporão e xodó da família, que tem 10.


Claudio e a mulher na Unicamp
Claudio e a mulher na Unicamp

“Como tive muitas oportunidades, não me preocupei com essa questão da medicina. Ficou esquecida. Até que chegou a oportunidade de eu me aposentar, e entrei em um programa de demissão voluntária.

Valente saiu da empresa em um dia e começou o cursinho no outro, com o apoio de toda a família, mas principalmente da mulher, Mônica.

A integração com todos aqueles jovens que tinham acabado de sair do ensino médio não foi fácil, mas o metalúrgico logo foi acolhido por um grupo de meninas. “Eu ficava no grupo da Luluzinha, e foi importante ter com quem conversar no intervalo."

Valente não passou de primeira, mas seu desempenho nas provas o fez acreditar que era possível conseguir a vaga. E a Unicamp era a sua primeira opção, já que ele desejava levar uma vida mais tranquila, fora da metrópole.

“Nesse segundo ano, eu já me sentia como se estivesse saindo do ensino médio, com a matéria fresca na cabeça.”

Ele passou na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e na sonhada Unicamp (com uma concorrência de 330 candidatos por vaga) e é um dos 131 estudantes de graduação com mais de 40 anos que ingressaram na universidade de Campinas entre 2019 e 2023.

Hoje, Valente está no quinto ano. “Todo mundo sempre me recebeu bem. Minha turma é muito diversa. São alunos de várias origens sociais, gêneros e cores”, conta ele, que pretende se especializar em medicina clínica e já se prepara para a concorrência que vai enfrentar na residência.

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