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Educação

As polêmicas de Ricardo Vélez Rodríguez à frente do MEC

Em 100 dias de governo, ex-ministro se envolveu em uma série de debates e ainda demitiu 15 profissionais do alto escalação do ministério 

Educação|Karla Dunder, do R7

Ricardo Vélez Rodríguez: gestão marcada por polêmicas e demissões
Ricardo Vélez Rodríguez: gestão marcada por polêmicas e demissões

Antes mesmo de ser escolhido para ocupar o cargo de Ministro da Educação, o nome de Ricardo Vélez Rodríguez já estava envolvido em polêmica e assim permaneceu durante o período que esteve à frente do MEC (Ministério da Educação).

O primeiro nome sugerido para ocupar o posto foi o de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna e com sólido currículo na área da educação. No entanto, sua indicação gerou polêmica nos grupos que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha e prevaleceu a indicação do filósofo Olavo de Carvalho.

O colombiano Ricardo Vélez Rodríguez é formado em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana e em teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá. O colombiano também é mestre em Pensamento Brasileiro pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), doutor em Pensamento Luso-Brasileiro pela Universidade Gama Filho e pós-Doutor pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron (Paris). E professor emérito da Escola de Comando e estado Maior do Exército.

Currículo que não lhe conferiu habilidade para lidar com as pressões dentro do MEC. Logo nos três primeiros meses do ano foram anunciadas mais de 15 demissões no alto escalão do ministério. As últimas demissões anunciadas pela Casa Civil foram do assessor especial Bruno Meirelles Garschagen e da chefe de gabinete Josie Priscila Pereira de Jesus.


Entre os demitidos, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) Marcus Vinicius Rodrigues. A demissão foi motivada pela polêmica decisão de não realizar avaliação do nível de alfabetização das crianças.

Após a demissão do presidente do Inep, Vélez Rodríguez foi chamado para prestar esclarecimentos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. Durante a sabatina, o ministro da Educação disse que Rodrigues foi demitido porque “puxou o tapete” com a assinatura da portaria sobre avaliação do Saeb (Sistema de avaliação do ensino básico).


A portaria foi revogada e a participação do ministro considerada um desastre pelo alto escalão do governo. Líderes de diferentes partidos pediram a saída de Vélez Rodríguez da pasta.

Polêmicas


Muitas foram as idas e vindas das decisões no MEC nesses meses em que Vélez Rodríguez esteve à frente do Ministério. O ministro, em uma entrevista à revista Veja, declarou que o brasileiro no exterior se comporta como um “canibal” e “rouba coisas dos hotéis”. Questionado no STF (Supremo Tribunal Federal) pela ministra Rosa Weber, afirmou que foi “infeliz” em sua declaração.

Em outra entrevista, desta vez ao jornal Valor Econômico, afirmou que “não existe universidade para todos”. O ministro precisou se justificar nas redes sociais.

Em fevereiro, o MEC enviou uma carta oficial para diretores de escolas sugerindo que as crianças deveriam ler o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro, o que é ilegal, e cantar o Hino Nacional. Os alunos também deveriam ser gravados e as filmagens enviadas ao MEC.

Diante da repercussão negativa e da necessidade de ter autorização para o uso de imagem, o ministério voltou atrás. A deputada Janaína Paschoal sugeriu à Procuradoria Geral da República abrir uma investigação para apurar improbidade administrativa.

Uma comissão foi criada para avaliar as questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Três nomes foram escolhidos para dizer “qual a pertinência das questões com a realidade nacional”. Fato que gerou mal-estar entre especialistas.

Por fim, Vélez Rodríguez afirmou que não houve golpe militar em 1964. "A história brasileira mostra que o 31 de março de 1964 foi uma decisão soberana da sociedade brasileira. Quem colocou o presidente Castelo Branco no poder não foram os quartéis", declarou em entrevista. Também afirmou que deverá revisar os livros didáticos, para que tenham uma “visão mais ampla da história”.

Problemas no MEC

Milhares de estudantes correm o risco de perder o semestre porque não conseguem efetuar matrícula em universidades devido a uma falha no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). O MEC prorrogou o prazo para os estudantes se inscreverem, mas muitos relatam que o problema ocorre no momento de fechar o contrato com a Caixa Econômica Federal.

Outro problema grave que a pasta enfrenta se refere ao Enem. A gráfica que imprimia o exame faliu. O Inep informou que o calendário segue inalterado e que toma providências para resolver o assunto, mas não disse quais.

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