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'Desistir nunca foi uma opção', diz estudante de farmácia que engravidou aos 14 anos

Nayanne Lustosa, hoje com 25 anos, fala dos desafios que enfrenta para continuar e concluir a graduação grávida do terceiro filho

Educação|Alex Gonçalves, do R7*

Nayanne ao lado dos filhos e marido, celebrando o 1º aniversário de Rael
Nayanne ao lado dos filhos e marido, celebrando o 1º aniversário de Rael Nayanne ao lado dos filhos e marido, celebrando o 1º aniversário de Rael

No Dia das Mães, celebrado neste domingo (8), o R7 traz o relato de duas jovens, que contam como é ser mãe e estudante, além de falar sobre preconceito e os desafios que enfretam para conseguir concluir os estudos.

Nayanne Elen da S.L. Lustosa, 25, mora no bairro de Guaianases, extremo leste da cidade de São Paulo. A jovem é mãe de Murillo, 10 anos, de Rael, 1 ano de idade e atualmente está grávida de oito meses do terceiro filho. Além do cuidado com a família, ela ainda arruma tempo para fazer faculdade de farmácia e trabalhar.

Para Nayanne, o mais difícil é lidar com a ironia das pessoas: "Agora encerrou a fábrica, né? Toma cuidado que a fralda está cara! Você nunca ouviu falar em preservativos?". 

Segundo levantamento feito pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), em 2019, dos nascimentos no Brasil, 19.330 foram de mães de até 14 anos. Já em 2020 na capital paulista a taxa de gravidez na adolescência, entre gestantes de 10 a 19 anos, foi de 9,2%, informa a SMS (Secretaria Municipal da Saúde).

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Dados do último Censo Demográfico do IBGE (2010) apontam que a proporção de mulheres brasileiras entre 15 e 19 anos que não estudam ou trabalham é maior entre as que já tiveram filhos (56,8%) do que em relação às que nunca foram mães (apenas 9,3%).

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"Eu tinha 14 anos quando engravidei do meu primeiro filho", na época, ela cursava a 7ª série do ensino fundamental. "Não foi planejado. Eu estava assustada e lembro que foi um choque quando os exames confirmaram a gravidez." Mesmo com o susto, Nayanne não parou de estudar. 

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"Cursava uma escola pública, tive todo o apoio e suporte dos professores para não perder o ano letivo e, após o nascimento do meu filho, minha mãe obteve uma autorização da diretoria para levar o bebê à escola para que eu pudesse manter a rotina de amamentação", conta.

Hoje, aos 25 anos de idade, mesmo com dois filhos e grávida, ela segue estudando com o apoio da mãe e do marido. "Não engravidei por falta de informação ou de orientação e isso nunca foi motivo para não realizar os meus sonhos, pelo contrário, sou mais motivada a continuar e concluir a faculdade para dar um futuro melhor para os meus filhos."

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"Eu concluí o ensino médio, entrei na faculdade e ainda mantenho o meu emprego como atendente em uma farmácia. É uma rotina intensa, saio muito cedo e volto tarde da noite. Minha luta é diaria, fico, sim, um pouco mais cansada, sinto dores na cicatriz da gestação anterior, os meus pés incham, tenho enjõos, mas desistir nunca foi opção."

Fernanda Rampazo e a filha Marina de 11 meses
Fernanda Rampazo e a filha Marina de 11 meses Fernanda Rampazo e a filha Marina de 11 meses

Fernanda Rampazo, 35 anos, mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, é estudante de jornalismo do 6º semestre é mãe da pequena Marina, de 11 meses. Ao mesmo tempo que a estudante tenta se adaptar ao retorno presencial das aulas na faculdade, ela enfrenta a dificuldade em conseguir um estágio na reta final da graduação.

"Quando a Marina nasceu, foi o período mais difícil. Comecei a ter mil preocupações e tarefas, não sabia se me concentrava na amamentação, nas atividades da faculdade, no meu trabalho ou nas obrigações de casa", diz. "Eu tinha acabado de sair da casa da minha mãe e muita coisa estava acontecendo naquele momento."

Para Fernanda, a pandemia foi uma mão na roda. Após o nascimento da filha, as aulas eram online o que permitiu dar continuar à graduação.

Agora, com o retorno presencial das aulas, ela consegue curtir mais a vida na faculdade. "Voltar a ter esse tempo para estudar é ótimo. Eu consigo me sentir como uma universitária, mesmo que por algumas horas em sala de aula, focada nos estudos e principalmente no TCC (Trabalho de Conclusão de Curso)."

A maior dificuldade neste momento é conseguir um estágio. "Quando você é mãe e tem uma criança pequena, esse passa a ser um critério de eliminação para uma vaga", desabafa.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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