'Eu não era boa', diz aluna que gabaritou redação em 2019
Nayra Amorim, de 18 anos, do Rio Grande do Norte, conta o que fez para estudar e conseguir a nota máxima na redação do Enem
Educação|Alvaro Gadelha*, do R7
Nayra Amorim, de 18 anos, foi uma das alunas que tirou nota mil na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ela conversou com o R7 para contar como organizou sua rotina de estudos e quais os desafios que enfrentou para alcançar a nota máxima.
Natural de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte, Nayra cursou o ensino médio em sua cidade natal. Durante este período, prestou o Enem, mas não deu tanto valor à prova, já que não tinha tempo para conciliar os estudos da escola com os do vestibular.
"Eu fiz sim meu Enem no ensino médio, mas digo que meu primeiro 'valendo' foi o de 2019. Antes, só fiz [o exame] como um teste de conhecimento, para saber como funciona", afirma a estudante.
Após se formar, decidiu se dedicar mais no ano seguinte e se matricular em um bom cursinho. Decidiu se mudar para Fortaleza, no Ceará, se afastando de família e amigos, para investir no sonho de se tornar uma médica.
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Após se decepcionar com o desempenho de alguns de seus textos, decidiu também se inscrever em um cursinho específico de redação. "A matéria de redação não era 'levada tão a sério’ na minha antiga escola. A gente fazia [redações], mas não era aquela prática constante", explica.
Rotina
"Eu não era boa em redação, eu precisava praticar", diz Nayra. Ela começou a fazer uma redação por semana e levar seus textos para serem corrigidos pelos professores do cursinho, o que, segundo ela, foi a parte mais importante para seu treino.
Com a correção, ela pôde ajustar seus erros e construir um modelo de redação com estrutura, conectivos e palavras que não se alteravam, apenas se adequavam aos diferentes temas de redação.
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A construção de repertório foi fundamental também para seu desempenho. Lendo bastante e acompanhando jornais e portais de notícias, frequentemente, para se manter informada, Nayra conseguia construir argumentos e propostas de intervenção, como treino, ao se basear nos temas em alta.
Embora essa estratégia tenha funcionado bem, ela recomenda: "cada um tem seu limite. O que deu certo para o colega, pode não dar certo ‘pra’ você. Tem de experimentar várias formas para saber o que realmente funciona".
Problemas
Problemas de adaptação e bem-estar também marcaram seu período de preparação, sendo o principal deles a ansiedade. "Antes do Enem, cheguei a fazer quatro redações por semana", conta. "Eu era muito 'bitolada', mas depois desse ano eu percebi que não precisava de tudo isso".
Com a decisão de ir para Fortaleza, ela acabou se afastando de pessoas próximas que lhe davam estabilidade emocional, o que prejudicou muito sua saúde. Além disso, admite que deveria ter balanceado mais os períodos de lazer e descanso com os de estudo, incorporando a pratica de esportes, por exemplo, em sua rotina.
Nayra acredita que estes problemas afetaram diretamente seu desempenho na prova que, embora tenha sido brilhante na redação, não foi o suficiente para entrar em uma faculdade. Mesmo assim, ela está disposta a tentar de novo em 2020 e já incorporou os aprendizados do ano passado na nova estratégia.
*Estagiário sob supervisão de Karla Dunder