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Jovem quilombola que passou em medicina sem ter energia elétrica cria campanha para estudar

Matheus Silva enfrenta o desafio de arrecadar dinheiro para custear a mudança e conseguir se manter e frequentar as aulas presenciais na UFRB

Educação|Alex Gonçalves, do R7*

Matheus de Araújo é morador de uma comunidade quilombola de Feira de Santana (BA)
Matheus de Araújo é morador de uma comunidade quilombola de Feira de Santana (BA) Matheus de Araújo é morador de uma comunidade quilombola de Feira de Santana (BA)

Matheus de Araújo Moreira Silva, 26 anos, ficou conhecido após ter sido aprovado no curso de medicina da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) tendo estudado sozinho e sem energia elétrica em casa.

O jovem é morador de uma comunidade quilombola de Feira de Santana (BA) e agora enfrenta mais um desafio: continuar estudando. Filho de pedreiro e de dona de casa, Matheus criou uma campanha para arrecadar dinheiro a fim de pagar os custos da mudança e se manter durante o curso na universidade. O curso de medicina tem período integral, o que não permite que o estudante trabalhe.

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"Eu tenho recebido muitas mensagens de carinho, são pessoas que me veem como uma inspiração e me colocam como referência, e são essas mesmas pessoas que têm se tornado a minha motivação", comenta ele.

Para ajudar estudantes em vestibulares e exames, e também para arrecadar recursos, Matheus criou o Manual da Redação, um ebook com dicas e orientações para os estudantes que queiram atingir uma boa pontuação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) — ele tirou 980 pontos na edição de 2020. "É uma forma de as pessoas me ajudarem, e eu a elas compartilhando o que eu aprendi."

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Jovem aprovado em medicina na UFRB
Jovem aprovado em medicina na UFRB Jovem aprovado em medicina na UFRB

A história do estudante quilombola viralizou na redes sociais, e desde então ele tem recebido ajuda de celebridades como o ator Lázaro Ramos e a atriz Thaís Araújo, que se solidarizaram com o jovem nas redes sociais.

Para Matheus, tornar-se referência em uma sociedade tão desigual é algo difícil. "Vivemos em um país onde não existem recursos e poucas políticas públicas, mas existem muitos que querem estudar", explica. "Educação é para todos. Eu não quero que outras pessoas passem pelas dificuldades que eu enfrentei para alcançar os seus objetivos", diz.

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O início das aulas presenciais na UFRB está previsto para o dia 11 de abril. "A vida do estudante de medicina é cheia de desafios, é difícil entrar na faculdade e mais difícil ainda se manter", conta. "Nesta nova etapa, eu enfrento a mudança de cidade. Por mais que esteja em um ensino público gratuito, vou ter custos com alimentação e moradia, mas a pergunta que paira é: por quanto tempo será que vou conseguir me manter?", desabafa.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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