O mito de um “cérebro matemático”, a maneira como os estudantes aprendem e como os professores podem trabalhar em sala de aula são alguns dos temas trazidos pelas professoras da Universidade de Stanford, Jo Boaler e Cathy Williams na segunda edição do Seminário Mentalidades Matemáticas que acontece nesta quarta-feira (18) e na quinta-feira (19), no Espaço Immensità, em São Paulo.
Leia mais: Pesquise como uma garota
Organizado pelo Instituto Sidarta, co-criador do projeto no Brasil, em parceria com Itaú Social, o evento traz a abordagem do Programa Mentalidades Matemáticas, que defende que todos podem aprender a matéria em altos níveis e entrelaça sua pesquisa com as descobertas mais recentes da neurociência.
Leia mais: Jovens cientistas brasileiras são premiadas pela Unesco
A proposta dessas palestras está em ampliar as discussões e as reflexões sobre aprendizagem na área. Os números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de 2015, mostram que o Brasil está em penúltimo lugar na disciplina de matemática. Isso significa que o país está 75 anos atrasado em relação à média educacional dos países desenvolvidos.
Leia mais: Lugar de menina é nas ciências exatas e na tecnologia
Como mudar essa realidade? Para a pesquisadora da Universidade de Stanford é preciso entender como o cérebro funciona.
“O primeiro ponto é acabar com o mito de que existe um ‘cérebro matemático’, muitas pessoas acreditam nisso, mas temos muitas evidências de que quanto mais aprendemos, novos caminhos são desenvolvidos no cérebro”, explica Jo Boaler em entrevista ao portal R7. Para a pesquisadora, todas as vezes que aprendemos algo novo, o cérebro se reorganiza e desenvolvemos a matemática ao longo da vida. “Quanto mais aprendemos, mais desenvolvemos um cérebro matemático.”
Leia mais: Os adolescentes infratores que brilham na Olimpíada de Matemática
A professora defende que é possível que todos desenvolvam habilidades na matéria. “Os estudantes podem aprender tudo, o cérebro deles está se desenvolvendo, não existe limitação”, explica. Para ela, é importante que os alunos aprendam com seus erros, problemas difíceis de serem resolvidos estimulam as conexões cerebrais.
Leia mais: Meninas conquistam ouro inédito em Olimpíada de Matemática
Outro aspecto é fugir dos rótulos. Nada de alunos superintenligente ou dizer que alguém tenha dificuldades em aprender matemática. Isso só atrapalha o desenvolvimento dos alunos.
Para Jo Boaler, é preciso mudar a maneira como a matéria é ensinada em sala de aula. “Se os professores darem a matéria apenas com respostas certas e erradas, os alunos não vão de fato se desenvolver”, diz. “Importante que os professores estimulem os estudantes de forma visual e multidimensional.”
Seminário
Além de Jo Boaler, outra palestrante convidada desta edição do Seminário Mentalidades Matemáticas é Cathy Williams, também da Universidade de Stanford. Elas são fundadoras da plataforma YouCubed, que conta com textos, atividades e vídeos de Matemática e acumula mais de 30 milhões de acessos por mês em 140 países.
O programa de férias “YouCubed Summer Camp” teve, em sua primeira edição, cerca de 80 estudantes de escolas públicas da Califórnia, nos EUA. As evidências coletadas indicaram uma melhora de 50% de desempenho dos participantes em testes de matemática, o que equivale a uma recuperação de 2,7 anos de atividade escolar. Em junho deste ano, as pesquisadoras realizaram a segunda edição do programa, com apoio da Fundação Bill e Melinda Gates, e contou com mais de 2.500 estudantes, em 14 distritos dos EUA.
Esse evento, YouCubed Summer Camp, deve ser realizado no Brasil pelo Instituto Sidarta em janeiro de 2020 com apoio do Itaú Social.
SERVIÇO
II Seminário Mentalidades Matemáticas
Quando: 18 e 19 de setembro
Onde: Espaço Immensità - Av. Luiz Dumont Villares, 392 - Santana, São Paulo - SP