Quando a zoeira entra como ferramenta na sala de aula
Meme já faz parte da cultura jovem e é uma forma de expressão que pode ser usada pelos professores na produção de conteúdo
Educação|Karla Dunder, do R7
Um sucesso nas redes sociais e muito presente nos celulares de crianças e adolescentes, os memes também podem ser usados em sala de aula. Pode parecer estranho, mas a “zoeira” é uma expressão cultural e, sim, pode ser um recurso para os professores.
Fotos, vídeos curtos, piadas, frases engraçadas escritas em letras garrafais são compartilhadas aos montes na internet. Humor, crítica política ou dos costumes estão presentes nessa nova cultura digital dos jovens. “Muitas vezes tratamos como irrelevante, mas é uma linguagem usada para comunicar uma ideia ou posicionamento, para provocar e até namorar”, diz Douglas Calixto, jornalista, mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.
Leia mais: Como ler para uma criança pode transformar uma vida
Ao compartilhar um meme, o estudante está expressando aquilo que pensa seja em forma de deboche ou de piada. É uma forma de comunicação que pode ser usada em sala de aula tanto para análise crítica do conteúdo ou mesmo incentivando os alunos na criação dos memes.
“Muitos memes carregam mensagens sexistas, racistas e de violência simbólica, que devem ser discutidas pelos professores com os alunos na escola”, observa Calixto. É possível ensinar a rir sem ofender um determinado grupo, por exemplo. “A capacidade de interpretar, de avaliar o que está por trás da piada é uma habilidade importante a ser desenvolvida pelos estudantes”, completa o professor da Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo), Claudemir Edson Viana.
Produzir memes em sala de aula é uma atividade prática que promove autonomia das crianças e adolescentes. Traz para a escola discussões sociais e também desenvolve a capacidade do jovem de se expressar. “Dentro de um projeto pedagógico, é possível usar referências de história ou física, por exemplo, para criar um meme”, observa Calixto.