Quatro em cada 10 professores não têm formação adequada
Ministro da educação disse que em disciplinas, como física e filosofia, o percentual de professores que têm título acadêmico chega a 30%
Educação|Agência Brasil
Quatro em cada 10 professores que estão em sala de aula no Brasil não têm a formação adequada para lecionar. A informação foi dada nesta quarta-feira (9) pelo ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, em apresentação na comissão temática da Câmara dos Deputados. Segundo o ministro, em algumas disciplinas, como física e filosofia, o percentual de professores de ensino médio que têm título acadêmico para dar aula gira em torno apenas de 30%.
Rossieli apresentou aos parlamentares um panorama da educação brasileira com alguns dados do Censo Escolar e do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que revelam vários desafios para a qualificação do ensino no Brasil.
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“Quando a gente olha no 6º ou 9º ano e no ensino médio, em biologia, nós temos 78% dos professores com formação adequada. Mas, quando olhamos a física no Brasil, temos 32% apenas dos professores de física que estão lecionando em sala de aula. [Em] filosofia, 31% dos professores têm formação adequada; sociologia e arte são desafios, mas a gente pode olhar língua estrangeira, matemática, metade dos professores tem formação adequada”, disse o ministro.
Além da formação de professores, o ministro destacou o elevado índice de analfabetismo entre os estudantes do ensino fundamental e médio. Segundo Rossieli, o desempenho de parcela significativa dos alunos de 5º e 9º anos do ensino fundamental, e do 3º ano do ensino médio é considerado insuficiente, de acordo com os níveis da escala do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
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Em língua portuguesa, por exemplo, 300 mil alunos, ou 15% dos jovens do quinto ano estão nos níveis 0 e 1. Quando se considera o 9º ano, são 580 mil jovens em língua portuguesa e 560 em matemática que apresentam níveis insuficientes de proficiência.
“Quando falamos de nível 0, é um jovem que não está alfabetizado e está lá no nono ano do ensino fundamental. No ensino médio, [são] 800 mil jovens, 40% estão em língua portuguesa no nível 0 ou no nível 1 na escala do Saeb. Matemática: 900 mil jovens. Então, é um desafio do qual 25% desistem no 1º ano do ensino fundamental. Se já é um desafio concluir o ensino médio, é um desafio muito maior concluir o ensino médio no nível adequado”, afirmou Rossieli.
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O ministro disse ainda que, na taxa de insucesso, reprovação e abandono escolar, a defasagem chega a 28% dos alunos do ensino médio, com o abandono de mais de 790 mil jovens ainda no primeiro ano desta etapa do ensino. “Estes jovens estão largando, abandonando o ensino médio porque aquilo não está dando perspectiva de futuro para ele. É algo desafiador que o Brasil precisa enfrentar com muita energia”, completou Rossieli.
“O ensino médio não tem dado resposta aos jovens brasileiros”, enfatizou o ministro. Para ele, a situação deve ser enfrentada por uma conjunção de fatores. Entre as medidas adotadas pelo governo, Rossieli destacou as mudanças estruturais no Programa Nacional do Livro Didático e a aplicação da Base Nacional Comum Curricular, como o primeiro referencial para a construção dos currículos do ensino básico.
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Rossieli citou ainda os programas Mais Alfabetização, que dá suporte ao professor em sala de aula, e Residência Pedagógica, mestrados profissionais e cursos de especialização para incentivar a formação continuada de professores, além da melhora de acesso de jovens e adultos ao ensino e ações para educação escolar indígena.