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Quatro em cada dez alunos podem abandonar a escola, aponta estudo

Pesquisa encomendada pela Fundação Lemann, BID e Itaú Social mostra preocupação das famílias com o futuro dos jovens

Educação|Karla Dunder, do R7

Sala de aula vazia: estudantes em situação de vulnerabilidade podem abandonar a escola
Sala de aula vazia: estudantes em situação de vulnerabilidade podem abandonar a escola Sala de aula vazia: estudantes em situação de vulnerabilidade podem abandonar a escola

Famílias, principalmente em situação de vulnerabilidade social, temem que seus filhos abandonem os estudos neste período de pandemia. Pais também observam que as crianças em fase de alfabetização enfretam dificuldades no aprendizado. Esses sãos os principais resultados da pesquisa realizada pelo Datafolha com pais e familiares de estudantes de escolas públicas encomendada pela Fundação Lemann, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e Itaú Social. 

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Quatro em cada dez alunos estudantes podem abandonar os estudos neste período de pandemia. Essa falta de motivação tem aumentado conforme o tempo distante da sala de aula aumenta, como mostra a série de pesquisas. "Há um ano, quando começamos o estudo, 26% dos entrevistados tinham essa preocupação, agora temos esse salto de 14 pontos percentuais em um ano, um dado alarmante", destaca a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.

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"Quanto maior a vulnerabilidade da família, maior a chance desses jovens abandonarem os estudos como estudantes de áreas rurais, com baixo índice socioeconômico, negros ou pais com baixa escolaridade, esses números sobem para 5 em cada 10", diz. "Percebemos que há um desgate do ensino remoto, existe uma dificuldade muito grande das famílias em manter a rotina de estudos, 7 em cada 10 dos entrevistados relatou esse problema."

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De acordo com o estudo, o problema é ainda mais grave entre estudantes negros — 43% estão no grupo de risco de abandonar a escola; entre os brancos, o percentual é de 35%, em famílias com renda mensal de até um salário mínimo o número chega a 48% e de áreas rurais 51%.

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"Os números não são exatamente uma surpresa, mas deixam claro que esse arranjo não presencial já chegou ao limite; no ano passado, no início da pandemia, a expectativa é que as atividades voltassem no segundo semestre ou no início deste ano, ninguém imaginou que o isolamento seguiria por tanto tempo", destaca o diretor de políticas educacionais da Fundação Lemann, Daniel de Bonis. 

Para os especialistas, quanto mais tempo distantes da sala de aula, os estudantes se desconectam da escola e o risco de evasão aumenta.

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Outro aspecto destacado pela pesquisa é a questão da alfabetização. Segundo percepção dos pais e responsáveis, 51% das crianças não aprenderam nada novo ou desaprenderam o que sabiam; a maioria estava começando a ler e escrever no início da pandemia. "Os mais velhos têm mais autonomia, as crianças precisam da interação com o professor em sala de aula, ouvir os sons das letras, o que é muito difícil reproduzir no online", explica Daniel.

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"Mesmo com o ensino hídrido, muitos jovens não puderam retornar às aulas presencias devido a falta de instalações para seguir os protocolos sanitários contra a covid-19", observa a gerente do Itaú Social. E mesmo aqueles que conseguiram acessar as atividades, o tempo de exposição foi restrito, 45% das crianças tiveram apenas 2 horas de aula diariamente.

Esta foi a sexta onda da pesquisa, o próximo estudo deve ser realizado em agosto, quando partes das redes devem retomar as atividades presenciais. "Espera-se que a maioria dos professores estejam vacinados e as atividades possam voltar com segurança e será possível avaliar o impacto desse retorno", afirma Patricia.

"Como balanço, podemos dizer que as desigualdades que já existiam se acenturam, acreditamos que as redes terão de fazer um planejamento com estratégias de diagnóstico de aprendizagem, recuperação, apoio individual, acolhimento e busca ativa para não voltarmos aos índices de 20 anos atrás", conclui Patricia. 

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