A transição de carreira e a pós-graduação
Entender a própria motivação é o fator principal para uma mudança bem-sucedida. Quem afirma é Cesar Akira*, especialista em mercados e inovação
Seu Momento Pós é no Senac|Professor César Akira*

Quando se fala em transição de carreira, é importante identificar e descrever os motivos por trás desse movimento, pois ela é oportuna apenas se as motivações corretas estiverem em pauta. Há profissionais, por exemplo, que consideram a transição de carreira, pois não gostam de seu atual ambiente de trabalho; nesses casos, vale pensar mais em transição para outra empresa, mas não em transição de carreira.
Porém, se o profissional reconhece que as atividades que desempenha atualmente não lhe trazem satisfação e que outros temas ou assuntos possam aproximar dessa satisfação, a transição de carreira é uma alternativa a ser considerada.
Uma vez que a decisão esteja tomada, vale entender que a transição de carreira é um processo e que os resultados podem chegar mais rapidamente ou mesmo demorar muito a chegar. Vejo pessoas que fazem um curso de curta duração e acham que, ao terminar o curso, um potencial empregador estará ávido e disponível para oferecer um trabalho com salário pomposo. E, como resultado, pode haver a dúvida sobre a transição e sobre seu próprio desempenho, o que pode causar imensa frustração.
Muitas vezes, o sucesso de um profissional está atrelado a duas competências complementares: a técnica e a comportamental. No contexto de transição de carreira, é necessário que o profissional entenda que a competência técnica da atividade anterior pode ajudar mais (se as atividades forem relacionadas) ou menos (se as áreas de atuação forem completamente diferentes). E, evidentemente, isso tem efeito no tempo da transição.
"O sucesso de um profissional está atrelado a duas competências complementares%3A a técnica e a comportamental"
Calibrar essa expectativa é crítica para que o nível de motivação nesse processo de mudança esteja alinhado com sua expectativa. Por outro lado, as competências comportamentais, como empatia e trabalho em equipe, por exemplo, são desenvolvidas ao longo da trajetória profissional e, seguramente, a maturidade adquirida em atividades anteriores precisa ser aproveitada na nova realidade profissional.
Uma parte do sucesso na transição repousa na compreensão de que algumas competências técnicas precisarão ser deixadas em segundo plano (e acessadas quando oportuno), mas que novas precisarão fazer parte do repertório do profissional. E isso depende menos da questão de idade e mais da motivação daquele que quer se engajar no processo de transição.
Apenas como exemplo, muitos empreendedores de sucesso montaram o primeiro negócio apenas em idades avançadas. Não é a idade, mas são o ‘querer fazer’ (motivação) e as ‘condições adequadas’ (competências) que condicionam o potencial de sucesso.
Requisitos fundamentais

O curso de pós-graduação precisa contribuir no desenvolvimento de ambas as competências (técnicas e comportamentais), mas o histórico e atualização de currículos, em geral, mostram que existe uma ênfase maior nas técnicas. Na pós-graduação do Senac São Paulo, além do desenvolvimento das competências técnicas, que são requisitos fundamentais para a atividade profissional, temos uma preocupação também com o desenvolvimento de competências comportamentais. Isso acontece de forma transdisciplinar e os docentes são orientados para transcender as teorias e as ferramentas.
Para aqueles que procuram uma transição de carreira, a pós-graduação pode ser parte do processo ao trabalhar as condições técnicas e comportamentais que habilitem o profissional a pleitear atividades na nova atividade elegida. Porém, é de ressaltar que a pós-graduação pode fazer parte de um plano de transição que seja mais holístico e que abranja outras fontes para o desenvolvimento de competências necessárias. Portanto, a pós-graduação não é uma resposta definitiva, mas uma parte que possa contribuir de forma decisiva para o processo de transição.
Além disso, os cursos de pós-graduação tem potencial enorme para promover o networking, o que entendemos que seja um ativo para momentos decisivos em nossas vidas. E, particularmente, em um momento de transição de carreira. Isso acontece pois, em uma turma de pós-graduação, temos discentes com um propósito comum, que é o de buscar conhecimento de uma área específica. Além de facilitar o aprendizado, muitos discentes trabalham na área e ficam sabendo de oportunidades nessa área.
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Como coordenador pedagógico de cursos de pós-graduação, felicita-me relatar já ter ouvido depoimentos de profissionais que conseguiram recolocação ou mesmo transição de carreira por meio de colegas em sala de aula. Embora não seja essa a atividade-fim da pós-graduação, entendo que é uma contribuição que pode mudar vidas para melhor.
O tema da transição de carreira está muito ligado à inovação: o inovador, assim como aquele que decide pela transição de carreira, é um inquieto, é um incomodado, e, assim, buscará uma solução para aquela inquietação. E, nesse processo de mudança é muito razoável aceitar que desafios e imprevistos aparecerão. Aqueles que conseguirem perseverar, guiados pelas razões corretas e com as competências necessárias, terão chance maior de alcançarem o objetivo e, como mérito, serão pessoas mais realizadas, pessoal e profissionalmente.
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*Prof. Dr. Cesar Akira Yokomizo
Mestre e doutor em Administração de Empresas pela USP, mestre em Administração de Empresas pela FGV, economista e engenheiro da computação pela USP. Coordenador pedagógico e docente dos cursos de pós-graduação em Gestão de Negócios e de Gestão Estratégica da Inovação no Senac São Paulo. Palestrante profissional e consultor autônomo especialista em mercados, estratégia e inovação. Trabalhou em projetos técnicos e de consultoria de gestão em empresas como Portugal Telecom Inovação (Portugal), Portugal Telecom Inovação Brasil e A.T. Kearney. Experiência profissional inclui projetos na França, Alemanha e Portugal.


