'Fundão' é origem de 90% das verbas dos candidatos à prefeitura de SP
Criado após a proibição das doações de empresas, o fundo especial virou principal forma de financiamento das campanhas
Eleições 2020|Alexandre Garcia, do R7
Dos mais de R$ 34,5 milhões de recursos já conquistados pelos 13 candidatos que disputam a prefeitura de São Paulo, R$ 30,5 milhões (88,5%) foram originados pelo FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha).
Conhecido como "Fundão Eleitoral", o FEFC foi criado em 2017, após o STF (Supremo Tribunal Federal) proibir que as campanhas recebessem doações de empresas.
Os recursos do fundo são divididos entre os partidos de acordo com o número de parlamentares eleitos em 2018. Com a grana nas mãos, cabe às siglas a definição de quanto será destinado a cada candidato, seja ele próprio ou de uma coligação.
Leia mais: Saiba as diferenças entre Fundo Partidário e Fundo Eleitoral
De acordo com as informações, apresentadas até a última quinta-feira (5) no sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bruno Covas (PSDB) é o candidato que mais recebeu recursos do "Fundão" neste ano.
Os mais de R$ 10,9 milhões recebidos pela campanha do tucano foram desembolsados por PSDB, Podemos, MDB e Progressistas, que fazem parte da coligação “Todos por São Paulo”.
Leia também
Na sequência, aparecem Joice Hasselmann (PSL), com R$ 5,9 milhões, Jilmar Tatto (PT), com R$ 4,866 milhões, Márcio França (PSB), com R$ 2,767 milhões, e Guilherme Boulos (PSOL), com R$ 2,723 milhões. (Confira na tabela abaixo)
Arthur do Val (Patriota) e Levy Fidelix (PRTB) são os únicos candidatos à prefeitura da capital que não fizeram uso do Fundão. Joice Hasselmann e Antônio Carlos Silva (PCO), por sua vez, têm 100% de suas receitas originadas no FEFC.
Todos os demais candidatos têm o Fundo Eleitoral como meio para financiar entre 80% e 91% de suas campanhas. O advogado especialista em direito eleitoral Tony Chalita afirma que o uso do “Fundão” como principal fonte de recursos é “absolutamente compreensível” desde a eliminação das doações de campanha.
Leia mais: Campanhas já gastaram R$ 12,8 mi para 'bombar' anúncios
"A partir do momento em que há uma restrição das fontes de financiamento, não existe outra alternativa. [...] Neste ano, isso se soma à pandemia, ás dificuldades financeiras e ao desinteresse pela política”, avalia o advogado.
Na avaliação de Chalita, não é possível afirmar que um volume maior de recursos garante um retorno efetivo nas urnas. Ele lembra que, em 2018, a campanha da chapa que elegeu o presidente Jair Bolsonaro foi uma das que menos recebeu recursos.