Ala do PSDB defende candidatura mesmo com desistência de Doria
Um dos fundadores da legenda, Marcus Pestana diz que ausência de nome próprio na corrida ao Planalto é 'decretar a falência'
Eleições 2022|Alan Rios, do R7, em Brasília
Apesar da retirada de João Doria da corrida à Presidência, uma ala do PSDB ainda briga por uma candidatura própria da legenda. Há consenso pelo nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) entre os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania, mas algumas lideranças tucanas contrariam esse apoio e chegam a definir a ausência do PSDB na eleição ao Planalto como a decretação de falência do partido.
Esse é o entendimento, por exemplo, do ex-deputado federal Marcus Pestana, um dos fundadores da legenda. "Não ter candidatura própria é decretar a falência do PSDB. Colocar todas as estratégias no MDB e ficar de fora é morrer por essa via. Vamos virar um partido irrelevante", disse ao R7.
Segundo ele, a ala da legenda com esse mesmo entendimento é grande, histórica e formada por vários ex-presidentes. O atual chefe do partido, no entanto, avalia uma candidatura própria como "assunto encerrado".
O ex-governador de São Paulo João Doria anunciou mais cedo a desistência da pré-candidatura à Presidência da República nas eleições deste ano, em um contexto de pressão feita por correligionários. "Ele não devia ter recuado. É sabido que há conspiração interna no MDB para derrubar a Simone. O PSDB vai ficar de braços cruzados assobiando?"
Nas prévias do partido, Marcus Pestana apoiou Eduardo Leite, nome que deve retornar ao debate de parte dos tucanos. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (23), Aécio Neves afirmou que o recuo de Doria "obriga o PSDB a reabrir a discussão" das eleições, fazendo com que a legenda fique "em condições de analisar outros nomes" tucanos. "Continuo defendendo, como sempre fiz, que tenhamos candidatura própria", divulgou Aécio.
Outros membros da legenda contrários ao apoio à senadora do MDB também argumentam que não ter um candidato próprio significa perder tempo de televisão e divulgação das ideias do partido. Há ainda um temor dessa ala de que o MDB retire Tebet da disputa pela Presidência pouco antes da oficialização dos candidatos, abrindo mais espaço para a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.