Juízes que tiraram Lula da cadeia conduzem o processo eleitoral, diz Bolsonaro na Record TV
Presidente criticou atuação do Tribunal Superior Eleitoral e disse que aceitará resultado das eleições desde que 'sejam limpas'
Eleições 2022|Do R7, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, criticou nesta segunda-feira (26) a condução do processo eleitoral deste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afirmou que há perseguição política contra ele em sabatina da Record TV. Além disso, o chefe do Executivo induziu que a Corte eleitoral trabalha a favor da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Os mesmos juízes que tiraram o Lula da cadeia e o tornaram elegível são exatamente os mesmos que conduzem o processo eleitoral brasileiro e que tudo dificultam para que a Comissão de Transparência Eleitoral consigam participar para evitar a possibilidade de questionamento ao término das eleições", declarou.
Bolsonaro ainda reclamou do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou os processos que levaram Lula a ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "Um amigo do Lula, o ministro Edson Fachin, resolveu entender que o caso devia ser julgado em Brasília e não em Curitiba, e anulou os processos. Agora, a corrupção existe. Tanto é verdade que vários delatores devolveram mais de R$ 6 bilhões. Ou seja, ninguém ia devolver essa grana se não tivesse roubado."
O chefe do Executivo disse que aceitará o resultado das eleições desde que elas "sejam limpas". "Assim como você não tem hoje em dia como comprovar um processo eleitoral, o outro lado não tem como comprovar que ele foi sério também. Eles convidaram as Forças Armadas, que apresentaram várias sugestões, mas foi uma briga para aceitar uma outra sugestão, uma má vontade enorme do TSE para com as Forças Armadas para nós buscarmos uma maneira de diminuir a possibilidade de fraude", disse o presidente.
Bolsonaro foi o primeiro a participar das sabatinas que a emissora realiza nesta semana com os candidatos à Presidência da República. Além dele, serão entrevistados Ciro Gomes (PDT), na terça (27), e Simone Tebet (MDB), na quarta (28). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado, mas não quis comparecer.
Salário mínimo
Na sabatina, o presidente Jair Bolsonaro (PL) também tratou de outros temas, como economia e pandemia de coronavírus. Ele prometeu reajustar o salário mínimo acima da inflação em um eventual novo governo.
No projeto da Lei Orçamentária de 2023 enviado ao Congresso Nacional, a projeção do mínimo estabelecida pelo governo federal é de R$ 1.302, valor que não representa um ganho real. No entanto, o presidente disse que pode trabalhar com o parlamento para aumentar o valor.
"Como o nosso governo não rouba, diferentemente do Lula, que roubou a nação em tudo quanto é lugar, sobra dinheiro para você, em concordância com projetos junto ao parlamento brasileiro, buscar dar um reajuste maior para o salário mínimo", afirmou Bolsonaro. De acordo com ele, o valor do salário mínimo não foi reajustado para acima da inflação em 2020, 2021 e 2022 devido à pandemia da Covid-19.
"Nós gastamos R$ 700 bilhões 2020 não só para combater o vírus, mas com recursos para estados e municípios e para auxílio emergencial. Nós pagamos auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas em 2020. Não tínhamos como ir além do reajuste equivalente ao da inflação", destacou.
Auxílio Brasil
O presidente garantiu que vai tornar o Auxílio Brasil de R$ 600 definitivo a partir do ano que vem, em caso de reeleição. O valor original do programa é R$ 400, mas desde a partir de agosto deste ano as famílias beneficiárias passaram a receber um adicional de R$ 200 em virtude dos reajustes nos preços dos combustíveis.
A PLOA do ano que vem prevê o pagamento do benefício a R$ 400, mas Bolsonaro afirmou que o valor será ampliado. Segundo ele, isso será possível com a taxação de lucros e dividendos de pessoas que ganham acima de R$ 400 mil por mês.
"Já está acertado com o ministro [da Economia] Paulo Guedes. Temos da onde tirar esses R$ 600 de forma definitiva. Então, é palavra minha, é a palavra do Paulo Guedes, é do próprio Arthur Lira [presidente da Câmara], que bota em votação. Segundo o Paulo Guedes, em cima disso [taxação de lucros] dá até para dar uma mexida uma na tabela do imposto de renda. Mas está garantido os R$ 600".