Petrolão, Auxílio Brasil e preço da gasolina: veja os destaques do debate entre Lula e Bolsonaro
A duas semanas do segundo turno, presidenciáveis debateram a gestão da pandemia, educação e combate à corrupção
Eleições 2022|Do R7, em Brasília
Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) protagonizaram o primeiro debate entre os presidenciáveis antes do segundo turno das eleições, neste domingo (16). Em 1h40 de confronto, Lula e Bolsonaro falaram sobre a gestão da pandemia, educação e escândalos de corrupção.
Logo nos primeiros minutos do debate, Lula acusou Bolsonaro de atrasar compras de vacinas durante a pandemia de Covid-19. O atual presidente defendeu a gestão do governo federal durante a situação de emergência e abordou casos de corrupção dos governos petistas.
O debate foi o primeiro encontro direto entre os dois candidatos desde o primeiro turno das eleições. Em dois blocos, os próprios candidatos puderam administrar o tempo e andar pelo palco do estúdio. Confira os principais momentos do debate:
Auxílio Brasil
Jair Bolsonaro usou as primeiras falas para se comprometer em manter o Auxílio Brasil. “Vamos manter de forma permanente e vitalícia, faremos tudo dentro da responsabilidade fiscal, pois não tivemos no nosso governo nada que trouxesse desconforto no mercado, fazemos tudo dentro da responsabilidade”, afirmou. O candidato do PL disse que o benefício anterior não era suficiente. “O Bolsa Família pagava muito pouco, tinha vergonha de ver as famílias passando fome no interior do nordeste”, justificou Bolsonaro.
O atual valor de R$ 600 do Auxílio Brasil foi garantido por uma emenda constitucional e só vale até o fim de 2022. No entanto, o projeto de lei 2.315/22 prevê, a partir de janeiro de 2023, a manutenção do benefício mensal pago a famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica. O texto está em análise na Câmara dos Deputados.
Transposição do rio São Fransico
Lula e Bolsonaro também disputaram o legado da transposição do rio São Francisco, obra que foi iniciada no governo do petista e concluída durante a gestão de Bolsonaro. "O senhor negou água para os seus irmãos nordestinos. O que o senhor fez foi uma obra que não chegava a lugar nenhum. Pegamos uma obra parada há quase dez anos", destacou Bolsonaro, afirmando que o atraso das obras foi consequência da corrupção no governo federal.
O projeto de integração do rio São Francisco foi concluído em fevereiro deste ano, com a inauguração do eixos Norte e Leste da obra.
Corrupção na Petrobras
Candidato do PT à Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "pode ter havido roubo na Petrobras" durante os governos petistas. A declaração foi feita após Lula ter sido confrontado por Bolsonaro sobre o escândalo do Petrolão.
"Quando o cara confessa um crime é porque ele cometeu um crime. As pessoas foram lá e delataram. Que houve roubo na Petrobras, pode ter havido", disse Lula. O petista lembrou que prenderam quem roubou a Petrobras porque houve investigação, sem sigilos nas ações do governo.
Ao falar sobre o assunto, Bolsonaro disse que o Petrolão foi "o maior esquema de corrupção da história da humanidade" e que provocou o "endividamento" da Petrobras com desvio de recursos. Bolsonaro disse ainda que o ex-presidente "dividiu o dinheiro da corrupção com amigos".
Combate a fake news
Lula e Bolsonaro foram perguntados sobre compromissos com uma lei específica para punir autoridades eleitas e servidores que divulgarem informações falsas. Ao responder à questão, o atual presidente disse que é alvo de fake news constantes e leu um trecho da sentença do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que mandou que o PT retirasse publicações com informações falsas sobre Bolsonaro.
"O seu programa, influenciado por Gleisi, me acusou de pedofilia, tentando me atingir no que tenho de mais sagrado: a defesa da família e das crianças”, disse, dirigindo-se a Lula.
Já o ex-presidente afirmou que as fake news têm prejudicado o debate eleitoral e que a "campanha tem que ser regulada".
Preço dos combustíveis e privatizações
Sobre os preços dos combustíveis, Bolsonaro defendeu a política adotada pelo governo no setor e citou a guerra da Ucrânia e a pandemia como fatores importantes para desestabilizar a economia no país.
Já Lula comentou que é contrário à privatização da Petrobras e relembrou que o Brasil perdeu a capacidade de refino do petróleo.
Composição do STF
Os presidenciáveis também foram questionados sobre as propostas que visam mudar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF), entre elas a ampliação de vagas na Corte e a criação de mandatos temporários para os ministros.
Lula defendeu a tese de que os ministros do STF sejam escolhidos por competência e currículo e que não sejam vinculados a políticos. Já Bolsonaro usou o tempo para se comprometer a não fazer alterações na Suprema Corte. Quem for eleito vai poder indicar mais dois ministros nos próximos quatro anos.
Educação
Os candidatos também falaram sobre como resolver a defasagem na educação de crianças e adolescentes agravada pela pandemia.
"Nós vamos ter que fazer um verdadeiro mutirão. Convidar professores, quem sabe, trabalhar de domingo, quem sabe, trabalhar sábado para que a gente possa fazer com que essa meninada consiga aprender o que deixaram de aprender na pandemia", prometeu Lula.
Já Bolsonaro disse que foi contrário ao método de isolamento que deixou alunos sem aulas presenciais na pandemia. "A garotada ficou dois anos em casa e eu fui contra isso. Nós já estamos fazendo [resolvendo a defasagem]. Nosso ministro da Educação tem um aplicativo que está há um ano em vigor, o GraphoGame", disse.
Regulação da mídia
Em outro momento, Jair Bolsonaro questionou o Lula sobre a regulação dos meios de comunicação. Segundo o atual presidente, o petista pretende controlar ou censurar o que pode ser veiculado. Bolsonaro também falou sobre a amizade de Lula com Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua, e outros ditadores na América do Sul.
Lula não respondeu ao questionamento sobre a regulação da mídia e se limitou a dizer que não concorda com governantes que querem "mandato perpétuo".