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R7 Entrevista
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‘Estarei em 2028 e, quem sabe, em 2032’, brinca Rafaela Silva, de volta à Olimpíada após 8 anos

Judoca esteve suspensa do esporte entre 2020 e 2022, e agora se vê mais madura e experiente para enfrentar seu terceiro ciclo olímpico

Entrevista|João Pedro Benedetti, do R7*


Judoca fez história ao se tornar a primeira brasileira campeã olímpica da modalidade, em 2016, no Rio Reprodução Instagram @rafaelasilvaa

A primeira e única judoca brasileira a conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos, Jogos Pan-Americanos e Mundial está de volta ao principal palco mundial dos esportes, as Olimpíadas. Após 8 anos do ouro conquistado em casa, Rafaela Silva terá a oportunidade de brilhar nos tatames de Paris no dia 29 de julho.

“Estou me entregando o máximo possível nessa preparação e tenho certeza de que chegarei em ótimas condições em Paris para voltar com uma medalha”, afirmou a menina da Cidade de Deus, que — por sorte — iniciou no judô por não ter espaço nos times de futebol do bairro.

Quando percebeu que não teria espaço dentro das quatro linhas, Rafaela começou a praticar judô no Instituto Reação, projeto social criado por Flávio Canto, ex-judoca e medalhista olímpico em Atenas, em 1994. A atleta representou o Instituto até 2021, quando, ainda no período de suspensão, foi contratada pelo Flamengo, equipe que representa até os dias atuais.

Nos Jogos de Londres, em 2012, foi eliminada da competição por aplicar um golpe proibido ainda nas oitavas de final. A eliminação culminou em um pesadelo emocional e profissional ao se tornar alvo de inúmeras ofensas racistas e críticas incisivas, porém desproporcionais.

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Em 2020, viveu outro pesadelo ao ser suspensa do esporte durante dois anos após cair no exame de doping. “Nestes momentos, acho que devemos ser individualistas. Temos que focar no objetivo”, disse a atleta sobre a força e resiliência que teve durante os episódios mais conturbados de sua vida.

No período da suspensão, perdeu a chance de competir nos Jogos Pan-Americanos de Lima e nas Olimpíadas de Tóquio. Ao retornar, em 2022, conquistou o bicampeonato mundial e a medalha que faltava na carreira: o ouro no Pan de Santiago, no ano passado.

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Rafaela, que também é a única a conquistar o campeonato brasileiro em três categorias diferentes — até 57kg, até 63kg e até 70kg — falou com exclusividade ao R7 às vésperas de seu tão esperado retorno aos Jogos Olímpicos

Ela falou sobre as expectativas para a competição, a torcida nos Jogos e a importância da estabilidade mental em momentos de dificuldade.

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Confira a íntegra da entrevista ao R7:

R7 — Após oito anos, você está de volta aos Jogos Olímpicos. Qual é a sensação de retornar à maior competição poliesportiva do mundo?

Rafaela Silva — Estou me sentindo muito bem e ansiosa [risos]. Acabei de voltar do Grand Slam no Cazaquistão, onde participei visando pontos para o chaveamento dos Jogos de Paris, e conquistei a medalha de prata. Estou me entregando o máximo possível nessa preparação e tenho certeza de que chegarei em ótimas condições em Paris para voltar com uma medalha.

Rafaela luta nos Jogos de Paris no dia 29 de julho Reprodução Instagram @rafaelasilvaa

R7 — Existem muitas diferenças entre a Rafaela a um mês dos Jogos do Rio e a Rafaela a um mês dos Jogos de Paris?

Rafaela — Acredito que sim. São oito anos a mais de trabalho, então me enxergo como uma pessoa mais experiente, mais madura sem dúvidas.

Também é uma sensação diferente, né? Eu ganhei os Jogos dentro de casa e agora tenho a chance de novamente competir fora. Mas sei que, com a torcida e os atletas brasileiros, não vai faltar energia positiva para voltarmos vitoriosos.

R7 — Aos 32 anos, esta será sua despedida dos Jogos Olímpicos?

Rafaela — Não, de maneira alguma. Estarei nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028 e, quem sabe, até em 2032! Nem que seja como treinadora [risos].

R7 — Tendo em vista os dois momentos mais conturbados da sua carreira, pós-Londres 2012 e o retorno aos tatames em 2022, como você classifica a importância da saúde e estabilidade mental em suas vitoriosas retomadas?

Rafaela — Acredito que seja de extrema importância. Até porque, às vezes, estamos realizando nossa melhor preparação, sem lesões, e imaginamos estar 100%, mas acontecem imprevistos, problemas pessoais e de família, que acabam tirando nosso foco.

Nestes momentos, acho que devemos ser individualistas. Temos que focar no objetivo, nos entregar ao máximo, pois temos certeza de que lá na frente valerá a pena. Por isso, escolhemos este caminho.

Atleta começou no judô no Instituto Reação, do medalhista olímpico Flávio Canto Anderson Neves/ Divulgação CBJ

R7 — Além do judô, tem algum esporte que está ansiosa para assistir em Paris?

Rafaela — Quando o assunto são os Jogos Olímpicos, acho difícil falar de apenas uma modalidade ou um atleta em específico. Sabemos o quanto os atletas sonham e batalham para participar desta competição, e muitos não conseguem. Então, é difícil ver um atleta brasileiro e não torcer. Estarei na torcida por qualquer medalha e qualquer desempenho positivo dos nossos brasileiros.

R7 — Com a correria às vésperas dos Jogos, você tem tempo livre? O que faz para relaxar nesses momentos?

Rafaela — Tenho tempo livre aos domingos [risos]! Mas procuro sempre descansar até porque, na segunda, estamos de volta à rotina. As pessoas costumam brincar que eu não consigo descansar, porque, se não estou no tatame treinando, estou assistindo a alguma luta, analisando possíveis adversárias, estudando judô e novas táticas. Sempre 24 horas focada.

*Estagiário sob supervisão de Carla Canteras.

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