Acidente de ônibus que transportava migrantes deixa 39 mortos no Panamá
Em área perigosa, motorista perdeu o controle do veículo, que caiu em um barranco
Internacional|Do R7
Ao menos 39 pessoas, incluindo colombianos e cubanos, morreram na madrugada de quarta-feira (15) quando um ônibus que transportava migrantes que tinham cruzado a selva de Darién, na fronteira do Panamá com a Colômbia, caiu de um barranco.
"A informação preliminar (...) indica que 39 pessoas, infelizmente, perderam a vida", anunciou o Serviço Nacional de Migração, em um comunicado.
A promotora de Chiriquí (Panamá), Melissa Navarro, afirmou que o Ministério Público ainda "não pode detalhar" o número de mortes. O Unicef informou em uma nota que "pelo menos três crianças" morreram no acidente.
O veículo sofreu o acidente após quase 14 horas de viagem para percorrer 700 quilômetros. Segundo a vice-diretora do Serviço de Migração, María Isabel Saravia, há 28 feridos. Ela também informou que 66 migrantes estavam no ônibus, incluindo 20 menores de idade, além dos dois motoristas — um deles morreu.
O ônibus transportava os migrantes de Darién, área florestal fronteiriça com a Colômbia, até um abrigo na localidade de Gualaca, na província de Chiriquí, 400 km a oeste da Cidade do Panamá, na fronteira com a Costa Rica.
As autoridades panamenhas não divulgaram a nacionalidade dos mortos ou feridos.
Porém, o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, informou no Twitter que "cidadãos cubanos" estão entre os mortos. O ministério das Relações Exteriores da Colômbia afirmou que "de maneira preliminar foram reportadas pessoas de nacionalidade colombiana entre as vítimas". O governo do Equador informou que sete cidadãos do país ficaram feridos.
"Esta notícia é lamentável para o Panamá e para a região. O Governo Nacional estende suas condolências aos familiares dos mortos neste acidente e reitera seu compromisso em continuar oferecendo ajuda humanitária e condições dignas para enfrentar a migração irregular", tuitou o presidente panamenho, Laurentino Cortizo.
"Relatórios preliminares apontam que o motorista passou da entrada do albergue e que, ao dar a volta, ocorreu este acidente. As causas estão sendo investigadas", disse a jornalistas a diretora do Serviço de Migração, Samira Gozaine.
Segundo veículos de imprensa locais, o ônibus saiu da estrada em uma curva e caiu em um barranco, onde bateu em uma pedra grande e em um micro-ônibus parado em uma rodovia mais abaixo.
"O ônibus atingiu uma pedra e atingiu meu ônibus, parece que foram os freios", disse à imprensa local Edgar Guerra, um dos passageiros do micro-ônibus.
"Vimos que se aproximava, nos jogamos debaixo dos assentos, o motorista e eu, e não sofremos nada por causa disso", acrescentou.
Recorde de migrantes
A selva de Darién se tornou um corredor para os migrantes irregulares que viajam da América do Sul aos Estados Unidos, passando pela América Central.
Esta fronteira natural de 266 km de extensão e 575 mil hectares é uma rota repleta de perigos, como animais selvagens, rios caudalosos e grupos criminosos.
Apesar disso, e segundo dados do governo panamenho, 248 mil pessoas, a maioria venezuelanos, entraram no Panamá por Darién em 2022. Esse número pulverizou os registros do ano anterior, quando 133 mil migrantes fizeram a travessia.
De acordo com dados oficiais, pelo menos 60 migrantes morreram cruzando essa rota em 2022, superando os 50 falecidos em 2021.
Após o acidente, o ministro da Segurança, Juan Manuel Pino, informou que 37 mil pessoas entraram no país este ano por Darién.
"Estamos preocupados com o aumento expressivo do número de crianças que atravessam a perigosa selva de Darién a caminho da América do Norte. Nos primeiros 45 dias deste ano, cerca de 7.000 crianças atravessaram a selva a pé", lamentou a representante do Unicef no Panamá, Sandy Blanchet.
Faz parte do risco
Devido à quantidade de migrantes que cruzam a floresta, o governo panamenho, juntamente com diferentes agências das Nações Unidas e de outras organizações internacionais, ergueu vários abrigos para os migrantes em Darién.
Ali, eles recebem ajuda humanitária, comida e vários serviços médicos e sociais para depois serem transferidos ao albergue de Gualaca, na fronteira com a Costa Rica.
O ônibus acidentado é um dos que o governo panamenho pôs a serviço do transporte de migrantes da fronteira sul até a norte. A passagem custa 40 dólares (cerca de 209 reais).
"Este acidente rodoviário é lamentável. São pessoas que procuram melhores condições de vida [...], mas faz parte do risco" de fazer esta travessia, afirmou Gozaine ao canal Telemetro.