Agência da ONU pede ajuda para refugiados durante a pandemia
Acnur faz apelo para colocar em prática plano de resposta à propagação do novo coronavírus em comunidades de migrantes consideradas vulneráveis
Internacional|Ana Clara Arantes, do R7
A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) fez um apelo mundial em busca de ajuda para o combate da covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus). Ela busca US$ 255 milhões (R$ 1,3 bilhão) para fornecer amparo aos deslocados e migrantes na luta contra a doença que afeta quase todo o mundo.
A agência destaca que, dentre a população mais vulnerável à pandemia, estão cerca de 70 milhões de refugiados, a maioria deles (mais de 80%) vivendo em países em desenvolvimento que não possuem sistema de saúde de qualidade. Alguns países em que essas pessoas residem já estão enfrentando uma crise humanitária.
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Em nota, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, explica que além de refugiados, a agência volta seus esforços às pessoas afetadas por desastres, guerras e perseguições.
"À medida que a pandemia se espalha, nossa resposta deve abranger os mais vulneráveis em nossas sociedades", enfatiza Grandi.
O financiamento solicitado pela Acnur irá cobrir as necessidades extraordinárias de gastos para o combate ao coronavírus pelos próximos nove meses.
Testes, suprimentos e médicos
A intenção é fornecer equipamentos laboratoriais para testes e suprimentos médicos para tratamento dos doentes afetados pela covid-19 nas regiões onde atua. Além disso, fará instalações de locais para lavagem de mãos em assentamentos e acampamentos. O fundo também possibilitará a divulgação de campanhas informativas de prevenção.
Outro projeto que será possível com o financiamento será a transferência de equipe de trabalho humanitário e envio de suprimentos para regiões com maior demanda.
A Acnur atua em diversos países, do Líbano – que abriga cerca de um milhão de refugiados da guerra civil na Síria – ao Quênia, Uganda e Tanzânia, protegendo refugiados de conflitos em toda a África.
Algumas ações já estão em prática no Brasil, como a distribuição de kits de higiene e limpeza para a população de migrantes e refugiados mais vulnerável, fortalecimento na capacidade dos atendimentos à saúde e divulgação de informações sobre prevenção do vírus. Um dos principais públicos são os milhares de venezuelanos que cruzaram a fronteira do Brasil em Roraima.
Pandemia
De acordo com o último registro da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado nesta quinta-feira (26), o número de casos do novo coronavírus ultrapassa 460 mil. Entre os contaminados, mais de 20 mil pessoas morreram.
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Até então são 200 países e territórios afetados pelo vírus, o que significa quase todo o mundo, com exceção aos arquipélogos da Oceania. Quanto aos países que vivem conflitos armados, ainda há dificuldade em registrar a situação.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse nesta quarta-feira (25) durante o lançamento do apelo global, que a covid-19 está ameaçando toda humanidade e, portanto, toda a humanidade deve reagir.
Com ênfase para aqueles em situação de mais necessidade, acrescentou: "Precisamos ajudar aqueles extremamente vulneráveis - milhões e milhões de pessoas que têm menos capacidade de se proteger. Esta é uma questão de solidariedade humana básica. Também é crucial para combater o vírus. Este é o momento de tomar a iniciativa em prol dos vulneráveis."